segunda-feira, 13 de junho de 2011

O editorial da Carta Maior e as nebulosas relações entre o público e o privado

O editorial de Carta Maior do último sábado (11/06/ 2011) dá uma amostra do quanto o discurso que justificou a privataria no Brasil esconde relações nebulosas entre o interesse público e a ganância privada. Uma boa fonte para procurar os recursos das famosas consultorias que enriquecem ex-agentes públicos e suas redes de relacionamento. Segue o editorial:

O tucanato paulista privatizou a principal empresa fornecedora de energia elétrica do Estado há 23 anos (hoje AES Eletropaulo). Uma cláusula do contrato previa que os novos donos teriam dez anos para realizar investimentos e agregar mais 15% (400 MW) à capacidade de fornecimento. O prazo venceu em 2007. O governador era José Serra. Ungido pela mídia por supostos atributos de ‘grande gestor’, como o nome mais qualificado para suceder o Presidente Lula — opinião diversa da maioria do eleitorado como se viu — Serra não cobrou, não fiscalizou, não tomou nenhuma providência diante da ruptura de contrato num serviço essencial. As interrupções de energia tem sido cada vez mais freqüentes em SP nos últimos anos. Cada vez mais lenta tem se mostrado a normalização do serviço. Reportagem da Folha deste sábado — que naturalmente omite o nome do candidato da derrota conservadora em 2010 – informa que após a última pane, na 3º feira, a retomada do fornecimento demorou 60 horas em alguns locais. O sucessor de Serra e seu desafeto, Geraldo Alckmin, garante que agora vai ‘investigar’ as razões do colapso em marcha. No momento em que o governo federal oficializa a concessão de importantes aeroportos nacionais à iniciativa privada — em nome da eficiência e porque o Estado não dispõe de R$ 5 bi a R$ 6 bi para investir no setor, embora tenha reservado R$ 57 bi aos rentistas da dívida pública no 1º quadrimestre – o colapso elétrico em SP encerra lições oportunas. E, convenhamos, ecumênicas.

Nenhum comentário:

Seguidores

Direito de Resposta do Brizola na Globo