quarta-feira, 7 de setembro de 2011

domingo, 14 de agosto de 2011

Noam Chomsky: "Os Estados Unidos em decadência"

Noam Chomsky*Nos EUA, a supremacia do poder do grande capital sobre a política e a sociedade – basicamente financeira – chegou ao grau em que as formações políticas, que nesta etapa já pouco se parecem com os partidos tradicionais, estão muito mais à direita do que a população nos principais temas em debate. E os seus interesses estão em radical oposição, tanto nos planos económico e social como no plano democrático. Resta saber quanto tempo mais as vítimas irão “sofrer em silêncio”, como diz Chomsky.

Constitui um tema generalizado que os Estados Unidos - que há apenas alguns anos era visto como um colosso que percorreria o mundo com um poder sem paralelo e um atrativo sem igual (…) - estão em decadência, enfrentando atualmente a perspectiva de uma deterioração definitiva, assinala Giacomo Chiozza, no número atual de Political Science Quarterly.

A crença neste tema está, efetivamente, muito difundida. Em com certa razão, se bem que seja necessário fazer algumas precisões. Para começar, a decadência tem sido constante desde o ponto culminante do poderio dos EUA logo após a Segunda Guerra Mundial, e o notável triunfalismo dos anos 90, depois da Guerra do Golfo, foi basicamente um auto engano.

Outro tema generalizado, pelo menos entre aqueles que não ficaram deliberadamente cegos, é que a decadência dos EUA é em grande medida auto-inflingida. A ópera bufa que vimos este verão em Washington, que desgostou o país e deixou o mundo perplexo, pode não ter comparação nos anais da democracia parlamentar. O espectáculo está chegando inclusive a assustar os patrocinadores desta paródia. Agora preocupa o poder corporativo que os extremistas que ajudou a pôr no Congresso de fato derrubem o edifício do qual depende a sua própria riqueza e os seus privilégios, o poderoso estado/ama-seca que atende os seus interesses.

A supremacia do poder corporativo sobre a política e a sociedade – basicamente financeira – chegou ao grau de que as formações políticas, que nesta etapa já pouco se parecem com os partidos tradicionais, estão muito mais à direita do que a população nos principais temas em debate.

Para o povo a principal preocupação interna é o desemprego. Nas circunstâncias atuais, esta crise só pode ser superada mediante um significativo estímulo do governo, muito para além do que o mais recente, que apenas fez incidir a deterioração na despesa estatal e local, ainda que essa iniciativa tão limitada provavelmente tenha salvo milhões de empregos.

Mas, para as instituições financeiras, a principal preocupação é o deficit. Assim, só o deficit está em discussão. Uma grande maioria da população está a favor de abordar o problema do deficit taxando os muito ricos (72%, com 27% contra), segundo uma sondagem do The Washington Post e da ABC News. Fazer cortes nos programas de assistência médica conta com a oposição de uma esmagadora maioria (69% no caso do Medicaid, 78% no caso do Medicare). O resultado provável, porém, é o oposto.

O Programa sobre Atitudes de Política Internacional (PIPA) investigou como a população eliminaria o deficit. Steven Kull, director do PIPA, afirma: “É evidente que, tanto o governo como a Câmara (de Representantes) dirigida pelos republicanos não estão de sintonia com os valores e as prioridades da população no que diz respeito ao orçamento”.

A sondagem ilustra a profunda divisão: a maior diferença na despesa é que o povo apoia cortes profundos na despesa militar, enquanto o governo e a Câmara de Representantes propõem aumentos modestos. O povo também defende aumentar a despesa na qualificação para o trabalho, na educação e no combate à poluição em maior medida que o governo ou a Câmara.

O acordo final – ou, mais precisamente, a capitulação ante à extrema-direita – é o oposto em todos os sentidos, e quase com toda certeza provocará um crescimento mais lento e danos de longo prazo para todos, menos para os ricos e as corporações, que gozam de benefícios sem precedentes.

Nem sequer se discutiu que o deficit poderia ser eliminado se, como demonstrou o economista Dean Baker, se substituísse o sistema disfuncional de assistência médica privada dos EUA por um semelhante ao de outras sociedades industrializadas, que tem a metade do custo per capita e obtém resultados médicos equivalentes ou melhores.

As instituições financeiras e as grandes companhias farmacêuticas são demasiado poderosas para que se analisem sequer tais opções, ainda que a ideia dificilmente pareça utópica. Fora da agenda por razões similares também se encontram outras opções economicamente sensatas, como a do imposto sobre as pequenas transacções financeiras.

Entretanto, Wall Street recebe regularmente generosos presentes. O Comité de Atribuições da Câmara de Representantes cortou o orçamento da Comissão de Títulos e Bolsa, a principal barreira contra a fraude financeira. E é pouco provável que sobreviva intacta a Agência de Protecção ao Consumidor.

O Congresso brande outras armas na sua batalha contra as gerações futuras. Apoiada pela oposição republicana à proteção ambiental, a importante companhia de electricidade American Electric Power arquivou o principal esforço do país para captar o dióxido de carbono de uma unidade que actualmente consome carvão, o que significou um forte golpe nas campanhas para reduzir as emissões causadoras do aquecimento global, informou o The New York Times.

Esses golpes auto-aplicados, ainda que sejam cada vez mais potentes, não são uma inovação recente. Datam dos anos 70, quando a política económica nacional sofreu importantes transformações que puseram fim ao que se costuma chamar “época de ouro” do capitalismo de Estado.

Dois importantes elementos desse processo foram a financeirização (o deslocamento das prioridades de investimento da produção industrial para as finanças, os seguros e os bens imobiliários) e a externalização da produção. O triunfo ideológico das doutrinas de livre mercado, muito seletivo como sempre, desferiu mais alguns golpes, que se traduziram em desregulação, regras de administração corporativa que condicionavam as enormes recompensas aos CEO’s com os benefícios de curto prazo e outras decisões políticas similares.

A concentração resultante da riqueza produz maior poder político, acelerando um círculo vicioso que concentrou uma riqueza extraordinária em 1% da população, basicamente CEO’s de grandes corporações, gerentes de fundos de garantia e similares, enquanto a maioria das receitas reais praticamente estancou.

Ao mesmo tempo, o custo das eleições disparou para as nuvens, fazendo com que os dois partidos tivessem que escavar mais fundo os bolsos das corporações. O que restava de democracia política foi solapado ainda mais quando ambos partidos recorreram ao leilão de postos diretivos no Congresso, como apontou o economista Thomas Ferguson, no The Financial Times.

Os principais partidos políticos adotaram uma prática das grandes empresas retalhistas, como Walmart, Best Buy e Target, escreve Ferguson. Caso único nas legislaturas do mundo desenvolvido, os partidos estado-unidenses no Congresso colocam preço em postos-chave no processo legislativo. Os legisladores que conseguem mais fundos para o partido são os que indicam os nomes para esses postos.

O resultado, segundo Ferguson, é que os debates se baseiam fortemente na repetição interminável de um punhado de consignas, aprovadas pelos blocos de investidores e grupos de interesse nacionais, dos quais depende a obtenção de recursos. E o país que se dane.

Antes do crack de 2007, do qual foram responsáveis em grande medida, as instituições financeiras posteriores à época de ouro tinham obtido um surpreendente poder econômico, multiplicando por mais de três a sua participação nos lucros corporativos. Depois do crack, numerosos economistas começaram a investigar a sua função em termos puramente econômicos. Robert Solow, prémio Nobel de Economia, concluiu que o seu efeito poderia ser negativo. O seu êxito contribui com muito pouco ou nada para a eficiência da economia real, enquanto os seus desastres transferem a riqueza dos contribuintes ricos para o setor financeiro.

Ao triturar os restos da democracia política, as instituições financeiras estão lançando as bases para fazer avançar ainda mais este processo letal…enquanto as suas vítimas parecem dispostas a sofrer em silêncio.

(*) Professor emérito de linguística e filosofia do Instituto Tecnológico de Massachusetts.

Pescado do ODiario.info 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O editorial da Carta Maior e as nebulosas relações entre o público e o privado

O editorial de Carta Maior do último sábado (11/06/ 2011) dá uma amostra do quanto o discurso que justificou a privataria no Brasil esconde relações nebulosas entre o interesse público e a ganância privada. Uma boa fonte para procurar os recursos das famosas consultorias que enriquecem ex-agentes públicos e suas redes de relacionamento. Segue o editorial:

O tucanato paulista privatizou a principal empresa fornecedora de energia elétrica do Estado há 23 anos (hoje AES Eletropaulo). Uma cláusula do contrato previa que os novos donos teriam dez anos para realizar investimentos e agregar mais 15% (400 MW) à capacidade de fornecimento. O prazo venceu em 2007. O governador era José Serra. Ungido pela mídia por supostos atributos de ‘grande gestor’, como o nome mais qualificado para suceder o Presidente Lula — opinião diversa da maioria do eleitorado como se viu — Serra não cobrou, não fiscalizou, não tomou nenhuma providência diante da ruptura de contrato num serviço essencial. As interrupções de energia tem sido cada vez mais freqüentes em SP nos últimos anos. Cada vez mais lenta tem se mostrado a normalização do serviço. Reportagem da Folha deste sábado — que naturalmente omite o nome do candidato da derrota conservadora em 2010 – informa que após a última pane, na 3º feira, a retomada do fornecimento demorou 60 horas em alguns locais. O sucessor de Serra e seu desafeto, Geraldo Alckmin, garante que agora vai ‘investigar’ as razões do colapso em marcha. No momento em que o governo federal oficializa a concessão de importantes aeroportos nacionais à iniciativa privada — em nome da eficiência e porque o Estado não dispõe de R$ 5 bi a R$ 6 bi para investir no setor, embora tenha reservado R$ 57 bi aos rentistas da dívida pública no 1º quadrimestre – o colapso elétrico em SP encerra lições oportunas. E, convenhamos, ecumênicas.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A verdadeira vocação de Palocci

No dia que o governo federal lançou o programa "Brasil sem miséria", a piada da hora já estava pronta. Segundo comentários, o Ministro Antônio Palocci deixará a Casa Civil para coordenar o programa de combate à pobreza. Afinal, ninguém demonstrou mais talento para multiplicar renda e patrimônio do que ele. Um ministro verdadeiramene vocacionado para função. He, he, he...

sábado, 21 de maio de 2011

Como multiplicar seu patrimônio

A fórmula é antiga na política brasileira.

Em primeiro lugar você tem que ocupar um cargo público com poder decisório. Quanto mais relevante o cargo,  maior o potencial de retorno financeiro ao seu ocupante.

O segundo passo é estabelecer boas relações com o poder econômico, principalmente com concessionárias e fornecedores do Estado. Lembre-se, é indispensável o alinhamento aos interesses privados. Promova privatizações, concessões, parcerias público privadas, regulamentações que atendam ao interesse privado. O interesse público e nacional deve sempre ficar relegado ao segundo plano. Em primeiro lugar sempre o interesse do "mercado", leia-se das oligarquias dominantes.

Não se preocupe com o oligopólio midiático. Ele promoverá sua imagem de competência técnica e defenderá suas decisões como "modernas", "acertadas" e "fundamentais para o crescimento econômico" (só não dizem de quem?). Se você conseguir promover privatizações de rodovias, do sistema de saneamento ou de empresas estatais, maior será o retorno do seu investimento. Caso consiga privatizar monopólios naturais (como o setor energético) ou setores estratégicos (como a Infraero) mais sucesso terá nessa carreira. Ocupar um acento no Comitê de Política Monetária (COPOM) ou no Banco Central pode render bons frutos no futuro com os barões das finanças.

Observados os compromissos anteriores com sucesso e fidelidade aos senhores do "mercado", você estará apto a "realizar consultorias econômicas" e justificar a multiplicação e crescimento exponencial do seu patrimônio. Não se preocupe, a fórmula é certeira independentemente da sua formação profissional. Funciona para todos, médicos, jornalistas, funcionários públicos de carreira,  etc.

A grande questão é saber até quando o povo brasileiro vai tolerar a privatização do Estado.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O que podemos esperar dos aeroportos privatizados?

 Matéria publicada pela RadioAgência NP permite imaginar o que poderemos esperar dos aeroportos privatizados. Segundo a RadioAgência, a arrecadação dos pedágios das rodovias do estado de São Paulo ultrapassou os R$ 2 bi nos primeiros quatro meses deste ano. O estado paulista conta com 227 praças de pedágio. Esse número representa mais da metade do total de pedágios do país, com 50,6%. A arrecadação por dia ultrapassa os R$ 14 milhões.

A medição do dinheiro arrecadado é feita por meio de um mecanismo chamado “Pedagiômetro”, que calcula o valor a partir dos relatórios das concessionárias das rodovias que são declarados anualmente à Assembleia Legislativa de São Paulo.

A privatização das rodovias em São Paulo iniciou em 1997, no governo estadual de Mário Covas (PSDB). Naquele ano havia 40 praças no estado, o crescimento até 2011 no número de pedágios foi de 467%.

O próprio Tribunal de Contas da União já apresentou relatório em que defende a revisão dos contratos em razão das elevadissímas taxas de retorno fixadas. Além disso, os serviços prestados são precários e, geralmente, muito aquém do esperado.

Enfim, a nova investida da privataria levada a cabo pelo constante bombardeio midiático do suposto "problema dos aeroportos", provavelmente abrirá uma nova oportunidade bilionária de ganhos para alguns com a cobrança de tarifas excessivas por serviços deficientes, tudo às custas da população. Esse  rico butim que alimenta a sanha da midia coorporativa e dos seus aliados interessados em controlar dos aeroportos nacionais. Como já foi bem observado na blogosfera, nunca interessou ao nosso oligopólio midiático investigar ou denunciar a situação e os serviços prestados pelos concessionários privados das principais rodoviárias do País. Por que será?

sábado, 30 de abril de 2011

O personagem da semana


Sem nenhuma dúvida, a mídia corporativa resolveu dedicar essa semana ao BOBO DA CORTE.

sábado, 16 de abril de 2011

Cobertura da Globo ao massacre na Escola do Realengo motiva de nota de repúdio da Defensoria Pública da União

A nota de repúdio, assinada pelo Defensor Público Federal Ricardo Emílio Pereira Salviano, Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva, resgata a esperança daqueles que não aceitam mais a manipulação midiática e a falta de compromisso com a sociedade dos barões da mídia nacional. Segundo a nota:

Diante do fatídico evento ocorrido naquela escola municipal, verifica-se que a divulgação do vídeo feito pelo autor do delito em horário nobre pela emissora de televisão Rede Globo afronta a ética profissional e enseja a responsabilização civil devido ao dano moral coletivo gerado pelo agravamento do dano psicológico já suportado pelas vítimas. O trauma advindo do abalo emocional dessas pessoas foi acentuado sobremaneira pelo temor provocado pela exposição das declarações, ainda que insanas, do delinquente esquizofrênico.

A gravidade e a repulsividade da ofensa é notória e causa perplexidade justamente pela insensibilidade da imprensa na abordagem da matéria jornalística. De certa maneira, a imprensa foi usada pelo autor do delito para a difusão da temeridade no meio social. O que nos faz refletir sobre diferentes questões. Quem não se sente amedrontado com a possibilidade de um novo surto psicótico de um esquizofrênico? A exposição dos motivos e das razões que o levaram a praticar o crime não aumenta a sensação de insegurança da população? Não seria essa a verdadeira intenção do mentor do fato delituoso? A imprensa contribuiu de certa forma para a instalação do caos e do pavor nos cidadãos? Isso prejudica a recuperação e o desenvolvimento das pessoas diretamente envolvidas na tragédia? A exposição do vídeo não dificultará a recuperação das pessoas envolvidas no massacre, sobretudo considerando os efeitos de ordem psicológica? Houve comportamento aético da imprensa, em virtude da divulgação do vídeo, capaz de ensejar a responsabilização civil pelos danos daí advindos?

É inegável que tal conduta aética e imoral maximiza a dor e o sofrimento das vítimas e de seus familiares, que são obrigados a suportar os efeitos nefastos, especialmente de ordem psicológica, causados pela exposição do referido vídeo pela imprensa. Fato que denota verdadeiro descaso com as crianças e os adolescentes envolvidos no evento trágico, pois é evidente que a divulgação potencializa o abalo psicológico e o temor sofridos por essas pessoas. Isso sem mencionar a possibilidade do efeito multiplicador decorrente da influência gerada pelo criminoso sobre outras pessoas esquizofrênicas, o que afeta a segurança de todos os cidadãos.

Ademais, as crianças e adolescente têm absoluta prioridade na observância de seus direitos, conforme se extrai do art. 227 da Constituição Federal, a saber: “é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Por tais motivos é que a referida matéria jornalística divulgada pela Rede Globo de TV em que o autor do delito apresenta os motivos e as razões que o induziram a praticar o crime merece ser repudiada, haja vista que certamente agravou ainda mais o sofrimento e a dor das vítimas e de seus familiares, justamente pelo fato de impor a temeridade e o pavor nessas pessoas, sem considerar o estímulo decorrente do poder de convencimento que as declarações podem causar em pessoas doentias.

É fato que outros veículos de comunicação e outras emissoras replicaram o vídeo, agindo também de forma irresponsável. Ocorre que a iniciativa partiu justamente da emissora de televisão com maior audiência no país em horário nobre. A Rede Globo de TV, concessionária de um serviço público federal, que deve prezar pelo interesse coletivo, agiu com total descaso com o sofrimento das pessoas envolvidas na tragédia pelo fato de ter realizado a divulgação do vídeo, sem se ater com a preocupação social de resguardar o pleno desenvolvimento psicológico das vítimas, condizente com uma vida digna e saudável.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Economistas liberais defendem o desemprego na mídia rentista

Ontem cometi o desatino de assistir um painel sobre os rumos da economia brasileira num dos diversos canais do oligopólio midiático. Entre as várias pérolas disparadas pelos especialistas" convidados pela apresentadora, conhecida por opinar sobre os mais variados temas com "sapiência" ímpar, ou seria "suiniência", duas ideias se destacaram:

- O baixíssimo desemprego no Brasil é um problema. Traduzindo, para os economistas liberais da banca financeira e seu braço midiático o bom é manter um percentual elevado dos brasileiros desempregados, forçando a queda nos salários e nas condições de trabalho. O mercado interno e o povo que se lixem.

- Os bancos públicos são um problema, pois podem representar um risco fiscal pela alocação ineficiente dos recursos. Traduzindo, os bancos públicos, maiores responsáveis pelos poucos danos sofridos pelo Brasil em razão crise financeira internacional, são um problema pois permitem ao governo intervir no mercado financeiro. O ideal dos economistas da banca ainda é o sistema totalmente desregulamentado, desregrado e descontrolado. Não aprenderam nada com o ocorrido nos EUA, onde a ganância desmedida dos bancos privados levaram o País e o mundo à beira do precípício, gerando recessão e desemprego com graves consequências sociais. Nem por isso, a banca daquele País deixou de ser  rapidamente socorrida pelo governo sob a chantagem de "serem grandes demais para quebrar". Mas isso, no pensamento liberal, não é risco fiscal é direito natural, ou seja, privatização do lucro e socialização do prejuízo é o objetivo final.

Ouvindo essas criaturas fica mais fácil ver os méritos no governo Lula e entender as causas  e origens dos trágicos anos do tucanato comandado por FHC.

terça-feira, 29 de março de 2011

A interminável guerra por petróleo


Nos últimos dias foi noticiado que as força opositoras ao governo Líbio de Gadaffi tomaram as principais infraestruturas de exportação de petróleo do País. O fato foi noticiado com empolgação pelos EUA, deixando transparente o principal objetivo da intervenção estadunidense: mais uma edição da guerra por petróleo.

Somente os ingênuos e os mal-intencionados podem acreditar na versão oficial da intervenção: defender a população local das arbitrariedades do ditador local. Se assim fosse, a intervenção deveria se estender, no mínimo, à Arábia Saudita, Bharein, Síria e Iêmen. Mas, para os interesses das corporações petrolíferas estadunidenses tornam somente a Líbia a bola da vez.

O Brasil precisa estar atento a esse modus operandi e retirar lições desses episódios. Caso contrario,  na próxima visita de um presidente dos EUA ao Brasil, podemos ser surpreendidos pelo estadunidense pedindo ao brasileiro no jantar: - "me passa o "pré-sal".

quarta-feira, 23 de março de 2011

Feira de Troca

O Comitê Latino Americano convida para sua Feira de Troca no próximo sábado, 26/03. Basta selecionar algo que você deseje trocar e ir curtir essa bela iniciativa.

Livros, filmes, documentários, discos, CDs, música em mp3/pen drive (haverá um computador no local para intercâmbio de músicas, DVDs), roupas, artesanato, bugigangas em geral!

Agora se não tiver nada material para trocar  não tem problema, aproveite para trocar umas idéias, tomar um mate e prestigiar o evento. 

terça-feira, 15 de março de 2011

A visita imperial

Por compartilhar da mesma linha de pensamento, público as observações do Blog do José Renato sobre a visita do presidente estadunidense Barak Obama ao Brasil.

É absolutamente vergonhosa a forma imperial que conduz a chegada de Obama, em muito assemelhada a postura dos grandes impérios com suas possessões e colônias. A submissão e a subserviência das elites nativas também são vergonhosas. 

Diante disso, também sou parceiro para segurar a faixa junto com o José Renato.


Há dias eu não assistia o noticiário. Efeitos do carnaval. E também, principalmente, porque sou daqueles que buscam informação em meios confiáveis, como a internet, e não mais nos jornais e televisões da grande mídia.
...
Mas hoje assisti o pedaço final do Jornal Nacional. E fiquei sabendo que o Barak Obama vem ao Brasil, nos próximos dias. Mais, ainda, fui informado que o dito cujo pretende fazer um comício no Rio de Janeiro, provavelmente na Cinelândia.
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Daí, fico pensando no seguinte: quem esse cara pensa que é?
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Um presidente norte-americano, fazendo comício em uma praça brasileira? Olha que tenho um tempinho de janela, na política, mas isso eu nunca tinha imaginado.
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E para a coisa ficar mais ridícula ainda, o casal Bonner ficou babando. Passaram uma matéria mostrando que, antes de eleito, Obama falou para milhares de pessoas na Alemanha. E depois, fez a mesma coisa no Egito, e sei lá mais onde ...
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Para completar a matéria, mostraram que a Cinelândia foi palco de comícios históricos, com imagens das Diretas Já, cuja manifestação reuniu ali milhares de pessoas. Quer dizer, para o JN, um discurso do Obama tem potencial para se equiparar àquilo! 
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Eles fecharam entrevistando um lumpenzinho, coitado, bem faceiro com a visita ilustre. Mas, pelo menos, disseram que a tal falação será traduzida, com legendas, pra nóis que num fala ingrêis.
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Tchê, será que o "moreninho do Norte" vai juntar tanta gente assim? Como as Diretas? existem tantos babacas assim no Rio de Janeiro?
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Agora, meus amigos e minhas amigas, só me falta a Dilma aparecer por lá, como apareceu no aniversário da Folha. Do Tarso, considerando o desempenho recente, eu até não duvido, mas a Dilma ... a Dilma, tomara que não, que nela eu ainda deposito esperanças.
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Ah, que pena que eu moro tão longe, aqui no sul do mundo, senão eu ia juntar uma turma e ir para lá. Só que carregando uma faixa bem grande, com uma frase bem novinha:
...
Yanques, go home!

domingo, 13 de março de 2011

Dica de Cinema: Ilha Dawson, a ilha negra da ditadura chilena


O filme conta uma história propositalmente pouco conhecida e divulgada pela mídia corporativa. Após o golpe militar chileno de 11 de setembro de 1973 que  derrubou o governo democrático de Salvador Allende, vitimando milhares de chilenos, Ministros, Embaixadores e outros colaboradores importantes do governo Allende são presos e enviados para ilha Dawson. 

De clima antártico, na gélida e inóspita ilha localizada no arquipélago chileno de Tierra del Fuego passou a funcionar um campo de concentração projetado pelo criminoso nazista Walter Rauff, refugiado no Chile. Rauff foi um dos vários criminosos nazistas que colaborou com o regime de Pinhochet, o qual lhe proporcionou uma vida longa e tranquila em solo chileno.

Baseado no livro de Sérgio Bitar, ex ministro do governo Allende, que esteve preso na ilha, o filme conta mais essa triste história de horror vivida pelas vítimas da ditadura chilena.

Nunca é demais lembrar que destruição do regime democrático chileno e as atrocidades cometidas contaram com o apoio, colaboração e incentivo dos EUA. Assim como houve farta assessoria de criminosos de guerra nazistas, muito dos quais integravam uma rede montada pelos EUA no pós-guerra. Tudo sob o silêncio e aprovação de alguns, que na atualidade, se apresentam como arautos da liberdade e dos direitos humanos (quando interessa é claro).

Assista ao Trailer:

sábado, 12 de março de 2011

Quem tem medo da democracia no Brasil?

Por Emir Sader, no Blog do Emir

O Brasil saiu da ditadura política, mas as transformações estruturais que poderiam democratizar o país nos planos econômico, social e cultural, não foram realizadas. O governo Sarney representou essa frustração, essa redução da democratização aos marcos liberais da recomposição do Estado de direito e dos processos eleitorais.

Em seguida, com os governos de Collor, Itamar e FHC, o país foi varrido pelas ondas neoliberais, sofrendo graves retrocessos no plano econômico – com a retração do Estado, com a abertura da economia, com as privatizações -, no plano social – com o retrocesso nas políticas sociais, com a expropriação de direitos da maioria, a começar pela carteira de trabalho –, no plano político – com o poder do dinheiro corrompendo os processos eleitorais – e no plano cultural – com a consolidação dos grandes monopólios privados da mídia, que concentraram nas suas mãos a formação da opinião púbica.

Foi nesta década que esse processo começou a ser revertido e o Brasil pôde retomar seu processo de democratização.

No plano econômico, com o Estado retomando seu papel de indutor do crescimento, promovendo o acesso ao crédito a pequenas e médias empresas, com a expansão do mercado interno de consumo popular.

No plano social, com a incorporação, pela primeira vez, das grandes maiorias de menor renda ao mercado de consumo e à possibilidade de ter formas de atividades econômicas rentáveis e sustentáveis.

No plano político, quebrando o controle das elites mais atrasadas sobre as massas de regiões periféricas do país, com a participação nas políticas governamentais e nos processos eleitorais dos movimentos populares e dos setores até então marginalizados e subordinados politicamente. E no plano cultural, com alguns avanços, como a descentralização das publicidades governamentais, com o surgimento e fortalecimento de mídias alternativas – especialmente da internet -, assim como com um discurso que levanta a autoestima do país, quebra preconceitos em relação ao papel da mídia privada e de comportamentos egoístas da elite brasileira.

Mas as resistências não se fizeram esperar. As pressões para que o Brasil mantenha a taxa de juros mais alta do mundo, que atrai capital especulativo – que não cria nem riquezas, nem empregos, que ajudar a desequilibrar a balança comercial, entre tantos problemas – continuam fortes. Esse mecanismo impede a democratização econômica do país, porque concentra nas mãos do sistema financeiro a maior quantidade de recursos, com taxas de juros altas dificulta o acesso ao crédito, monopoliza recursos do Estado para o pagamento da dívida pública. O PAC é o grande instrumento de reconversão da hegemonia do capital especulativo para o capital produtivo, mas ele corre contra a atração da alta taxa de juros. A democratização econômica requer terminar com essa atração do capital, pela alta taxa de juros, para o setor financeiro.

A democratização social encontra obstáculos nos que se opõem à integração plena dos setores até aqui completamente marginalizados. A democratização social tem como principais obstáculos os que lutam para bloquear a expansão dos recursos para as políticas sociais que promovem os direitos de todos e nos preconceitos que continuam a ser difundidos contra os mais pobres e os habitantes das regiões até aqui marginalizadas do país.

A democratização política se choca com os que se opõem a uma reforma política que faça com que as campanhas se apoiem exclusivamente em financiamento público e em votos por lista, que favorecem o fortalecimento ideológico e político dos partidos. Mas encontra obstáculos também nos partidos e movimentos populares que não se dedicam a apoiar a organização dos setores que chegam agora a seus direitos econômicos e sociais básicos, seja os que estão integrados ao bolsa família, seja a cooperativas e pequenas empresas, seja a programas como os Pontos de Cultura e outros similares.

A democratização cultural significa que as distintas identidades do povo brasileiro possam construir seus próprios valores para orientar suas vidas, suas próprias formas de expressão cultural, possam ter acesso às múltiplas formas de cultura. Que possa se libertar dos modelos de consumismo importados e difundidos pela mídia comercial, pela publicidade massiva, pelos valores divulgados pelos representantes dos grandes monopólios. Significa o direito de ter acesso livre e universal à internet, possa ter acesso à cultura como bem comum, que possa ter acesso a livros, a músicas, a pinturas, a peças de teatro, a filmes, a todas as formas de cultura e que tenha possibilidades de produzir suas próprias formas de expressão.

A democratização cultural se enfrenta a obstáculos na gigantesca máquina de interesses econômicos privados dos monopólios que dominam a mídia, o setor editorial, o audiovisual. Se enfrenta aos setores mercantis que tentam dominar e controlar a livre produção e consumo culturais, a corporações que se apropriam dos recursos fundamentais das obras artísticas, incentivando ainda mais o poder econômico sobre a esfera cultural. Só mesmo um imenso processo de democratização da cultura poderá fazer do Brasil um país realmente independente, soberano, justo, plural.

Quem tem medo da democracia no Brasil? As elites que fizeram do nosso país o mais desigual do mundo e agora ressentem a inclusão social dos que sempre foram postergados, discriminados, humilhados, ofendidos, marginalizados. São os que sempre tiveram todos os privilégios e acreditavam que o país era deles, que o Brasil era das elites brancas e ricas.

Quem tem medo da democratização tem medo dos trabalhadores, que produzem as riquezas do Brasil. Tem medo dos trabalhadores sem terra, que querem apenas acesso à terra no país com maior área cultivável no mundo, importa alimentos, mas mantém milhões de gente no campo sem acesso à terra. Tem medo dos jovens, que não leem jornais, mas leem e escrevem na internet, irreverentes, que lutam pela liberdade de expressão e de formas de viver, em todas as suas formas. Tem medo dos intelectuais críticos e independentes, que não têm medo do poder dos monopólios e da imprensa mercantil e suas chantagens. Tem medo dos artistas e da sua criatividade sem cânones dogmáticos e sem pensar no dinheirinho dos direitos de autor, mas na liberdade de expressão e na cultura como um bem comum. Tem medo dos nordestinos pobres, que como Lula, não se rendeu à pobreza e à discriminação e se tornou o presidente mais popular do Brasil. Tem medo de que todos eles queiram ser como o Lula.

Quem tem medo da democracia no Brasil tem saudade da ditadura, quando detinha o monopólio da palavra, conversavam e elogiavam os militares no poder, sem que ninguém pudesse contestá-los publicamente. Os que têm saudades do Brasil para poucos, da elite que cooptava intelectuais para governar em nome dela.

Quem não tem medo da democracia no Brasil não tem medo de nada, porque não tem medo do povo brasileiro.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Os verdadeiros senhores da Guerra

Pescado do excelente Sátiro

O extenso currículo abaixo demonstra o papel da guerra na sustentação do "modus vivendi" estadunidense e torna inevitável a pergunta: quem verdadeiramente representa a maior ameaça a paz no planeta?  


INVASÕES DOS EUA NO MUNDO

Organizado por Alberto da Silva Jones (professor da UFSC):

Entre as várias INVASÕES das forças armadas dos Estados Unidos fizeram nos séculos XIX, XX e XXI, podemos citar:

1846 - 1848 - MÉXICO - Por causa da anexação, pelos EUA, da República do Texas
1890 - ARGENTINA - Tropas americanas desembarcam em Buenos Aires para
defender interesses econômicos americanos.
1891 - CHILE - Fuzileiros Navais esmagam forças rebeldes
nacionalistas.
1891 - HAITI - Tropas americanas debelam a revolta de operários
negros na ilha de Navassa, reclamada pelos EUA.
1893 - HAWAI - Marinha enviada para suprimir o reinado independente anexar o Hawaí aos EUA.
1894 - NICARÁGUA - Tropas ocupam Bluefields, cidade do mar do Caribe, durante um mês.
1894 - 1895 - CHINA - Marinha, Exército e Fuzileiros desembarcam no país durante a guerra sino-japonesa.
1894 - 1896 - CORÉIA - Tropas permanecem em Seul durante a guerra.
1895 - PANAMÁ - Tropas desembarcam no porto de Corinto, província Colombiana.
1898 - 1900 - CHINA - Tropas dos Estados Unidos ocupam a China durante a Rebelião Boxer.
1898 - 1910 - FILIPINAS - As Filipinas lutam pela independência do país, dominado pelos EUA (Massacres realizados por tropas americanas em Balangica, Samar, Filipinas - 27/09/1901 e Bud Bagsak, Sulu, Filipinas 11/15/1913) - 600.000 filipinos mortos.
1898 - 1902 - CUBA - Tropas sitiaram Cuba durante a guerra hispano-americana.
1898 - Presente - PORTO RICO - Tropas sitiaram Porto Rico na guerra hispano-americana, hoje 'Estado Livre Associado' dos Estados Unidos.
1898 - ILHA DE GUAM - Marinha americana desembarca na ilha e a mantêm como base naval até hoje.
1898 - ESPANHA - Guerra Hispano-Americana - Desencadeada pela misteriosa explosão do encouraçado Maine, em 15 de fevereiro, na Baía de Havana. Esta guerra marca o surgimento dos EUA como potência capitalista e militar mundial.
1898 - NICARÁGUA - Fuzileiros Navais invadem o porto de San Juan del Sur.
1899 - ILHA DE SAMOA - Tropas desembarcam e invadem a Ilha em conseqüência de conflito pela sucessão do trono de Samoa.
1899 - NICARÁGUA - Tropas desembarcam no porto de Bluefields e invadem a Nicarágua (2ª vez).
1901 - 1914 - PANAMÁ - Marinha apóia a revolução quando o Panamá reclamou independência da Colômbia; tropas americanas ocupam o canal em 1901, quando teve início sua construção.
1903 - HONDURAS - Fuzileiros Navais americanos desembarcam em Honduras e intervêm na revolução do povo hondurenho.
1903 - 1904 - REPÚBLICA DOMINICANA - Tropas norte americanas atacaram e invadiram o território dominicano para proteger interesses do capital americano durante a revolução.
1904 - 1905 - CORÉIA - Fuzileiros Navais dos Estados Unidos desembarcaram no território coreano durante a guerra russo-japonesa.
1906 - 1909 - CUBA -Tropas dos Estados Unidos invadem Cuba e lutam contra o povo cubano durante período de eleições.
1907 - NICARÁGUA - Tropas americanas invadem e impõem a criação de um protetorado, sobre o território livre da Nicarágua.
1907 - HONDURAS - Fuzileiros Navais americanos desembarcam e ocupam Honduras durante a guerra de Honduras com a Nicarágua.
1908 - PANAMÁ - Fuzileiros Navais dos Estados Unidos invadem o Panamá durante período de eleições.
1910 - NICARÁGUA - Fuzileiros navais norte americanos desembarcam e invadem pela 3ª vez Bluefields e Corinto, na Nicarágua.
1911 - HONDURAS - Tropas americanas enviadas para proteger interesses americanos durante a guerra civil, invadem Honduras.
1911 - 1941 - CHINA - Forças do exército e marinha dos Estados Unidos invadem mais uma vez a China durante período de lutas internas repetidas.
1912 - CUBA - Tropas americanas invadem Cuba com a desculpa de proteger interesses americanos em Havana.
1912 - PANAMÁ - Fuzileiros navais americanos invadem novamente o Panamá e ocupam o país durante eleições presidenciais.
1912 - HONDURAS - Tropas norte americanas mais uma vez invadem Honduras para proteger interesses do capital americano.
1912 - 1933 - NICARÁGUA - Tropas dos Estados Unidos com a desculpa de combaterem guerrilheiros invadem e ocupam o país durante 20 anos.
1913 - MÉXICO - Fuzileiros da Marinha americana invadem o México com a desculpa de evacuar cidadãos americanos durante a revolução.
1913 - MÉXICO - Durante a Revolução mexicana, os Estados Unidos bloqueiam as fronteiras mexicanas em apoio aos revolucionários.
1914 - 1918 - PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL - Os EUA entram no conflito em 6 de abril de 1917 declarando guerra à Alemanha. As perdas americanas chegaram a 114 mil homens.
1914 - REPÚBLICA DOMINICANA - Fuzileiros navais da Marinha dos Estados invadem o solo dominicano e interferem na revolução do povo dominicano em Santo Domingo.
1914 - 1918 - MÉXICO - Marinha e exército dos Estados Unidos invadem o território mexicano e interferem na luta contra nacionalistas.
1915 - 1934 - HAITI- Tropas americanas desembarcam no Haiti, em 28 de julho, e transformam o país numa colônia americana, permanecendo lá durante 19 anos.
1916 - 1924 - REPÚBLICA DOMINICANA - Os EUA invadem e estabelecem um governo militar na República Dominicana, em 29 de novembro, ocupando o país durante oito anos.
1917 - 1933 - CUBA - Tropas americanas desembarcam em Cuba, e transformam o país num protetorado econômico americano, permanecendo essa ocupação por 16 anos.
1918 - 1922 - RÚSSIA - Marinha e tropas americanas enviadas para combater a revolução Bolchevista. O Exército realizou cinco desembarques, sendo derrotado pelos russos em todos eles.
1919 - HONDURAS - Fuzileiros norte americanos desembarcam e invadem mais uma vez o país durante eleições, colocando no poder um governo a seu serviço.
1918 - IUGOSLÁVIA - Tropas dos Estados Unidos invadem a Iugoslávia e intervêm ao lado da Itália contra os sérvios na Dalmácia.
1920 - GUATEMALA - Tropas americanas invadem e ocupam o país durante greve operária do povo da Guatemala.
1922 - TURQUIA - Tropas norte americanas invadem e combatem nacionalistas turcos em Smirna.
1922 - 1927 - CHINA - Marinha e Exército americano mais uma vez invadem a China durante revolta nacionalista.
1924 - 1925 - HONDURAS - Tropas dos Estados Unidos desembarcam e invadem Honduras duas vezes durante eleição nacional.
1925 - PANAMÁ - Tropas americanas invadem o Panamá para debelar greve geral dos trabalhadores panamenhos.
1927 - 1934 - CHINA - Mil fuzileiros americanos desembarcam na China durante a guerra civil local e permanecem durante sete anos, ocupando o território chinês.
1932 - EL SALVADOR - Navios de Guerra dos Estados Unidos são deslocados durante a revolução das Forças do Movimento de Libertação Nacional - FMLN -
comandadas por Marti.
1939 - 1945 - SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - Os EUA declaram guerra ao Japão em 8 de dezembro de 1941 e depois a Alemanha e Itália, invadindo o Norte da África, a Ásia e a Europa, culminando com o lançamento das bombas atômicas sobre as cidades desmilitarizadas de Iroshima e Nagasaki.
1946 - IRÃ - Marinha americana ameaça usar artefatos nucleares contra tropas soviéticas caso as mesmas não abandonem a fronteira norte do Irã.
1946 - IUGOSLÁVIA - Presença da marinha americana ameaçando invadir a zona costeira da Iugoslávia em resposta a um avião espião dos Estados Unidos abatido pelos soviéticos.
1947 - 1949 - GRÉCIA - Operação de invasão de Comandos dos EUA garantem vitória da extrema direita nas "eleições" do povo grego.
1947 - VENEZUELA - Em um acordo feito com militares locais, os EUA invadem e derrubam o presidente eleito Rómulo Gallegos, como castigo por ter aumentado o preço do petróleo exportado, colocando um ditador no poder.
1948 - 1949 - CHINA - Fuzileiros americanos invadem pela ultima vez o território chinês para evacuar cidadãos americanos antes da vitória comunista.
1950 - PORTO RICO - Comandos militares dos Estados Unidos ajudam a esmagar a revolução pela independência de Porto Rico, em Ponce.
1951 - 1953 - CORÉIA - Início do conflito entre a República Democrática da Coréia (Norte) e República da Coréia (Sul), na qual cerca de 3 milhões de pessoas morreram. Os Estados Unidos são um dos principais
protagonistas da invasão usando como pano de fundo a recém criada Nações Unidas, ao lado dos sul-coreanos. A guerra termina em julho de 1953 sem vencedores e com dois estados polarizados: comunistas ao norte e um governo pró-americano no sul. Os EUA perderam 33 mil homens e mantém até hoje base militar e aero-naval na Coréia do Sul.
1954 - GUATEMALA - Comandos americanos, sob controle da CIA, derrubam o presidente Arbenz, democraticamente eleito, e impõem uma ditadura militar no país. Jacobo Arbenz havia nacionalizado a empresa United Fruit e impulsionado a Reforma Agrária.
1956 - EGITO - O presidente Nasser nacionaliza o canal de Suez. Tropas americanas se envolvem durante os combates no Canal de Suez sustentados pela Sexta Frota dos EUA. As forças egípcias obrigam a coalizão franco-israelense-britânica, a retirar-se do canal.
1958 - LÍBANO - Forças da Marinha americana invadem apóiam o exército de ocupação do Líbano durante sua guerra civil.
1958 - PANAMÁ - Tropas dos Estados Unidos invadem e combatem manifestantes nacionalistas panamenhos.
1961 - 1975 - VIETNÃ. Aliados ao sul-vietnamitas, o governo americano invade o Vietnã e tenta impedir, sem sucesso, a formação de um estado comunista, unindo o sul e o norte do país. Inicialmente a participação americana se restringe a ajuda econômica e militar (conselheiros e material bélico). Em agosto de 1964, o congresso americano autoriza o presidente a lançar os EUA em guerra. Os Estados Unidos deixam de ser simples consultores do exército do Vietnã do Sul e entram num conflito traumático,
que afetaria toda a política militar dali para frente. A morte de quase 60 mil jovens americanos e a humilhação imposta pela derrota do Sul em 1975, dois anos depois da retirada dos Estados Unidos, moldou a estratégia futura de evitar guerras que impusessem um custo muito alto de vidas americanas e nas quais houvesse inimigos difíceis de derrotar de forma convencional, como os vietcongues e suas táticas de guerrilhas.
1962 - LAOS - Militares americanos invadem e ocupam o Laos durante guerra civil contra guerrilhas do Pathet Lao.
1964 - PANAMÁ - Militares americanos invadiram mais uma vez o Panamá e mataram 20 estudantes, ao reprimirem a manifestação em que os jovens queriam trocar, na zona do canal, a bandeira americana pela bandeira e seu país.
1965 - 1966 - REPÚBLICA DOMINICANA - Trinta mil fuzileiros e pára-quedistas norte americanos desembarcaram na capital do país São Domingo para impedir a nacionalistas panamenhos de chegarem ao poder. A CIA conduz Joaquín Balaguer à presidência, consumando um golpe de estado que depôs o presidente eleito Juan Bosch. O país já fora ocupado pelos americanos de 1916 a 1924.
1966 - 1967 - GUATEMALA - Boinas Verdes e marines americanos invadem o país para combater movimento revolucionário contrario aos interesses econômicos do capital americano.
1969 - 1975 - CAMBOJA - Militares americanos enviados depois que a Guerra do Vietnã invadem e ocupam o Camboja.
1971 - 1975 - LAOS - EUA dirigem a invasão sul-vietnamita bombardeando o território do vizinho Laos, justificando que o país apoiava o povo vietnamita em sua luta contra a invasão americana.
1975 - CAMBOJA - 28 marines americanos são mortos na tentativa de resgatar a tripulação do petroleiro estadunidense Mayaquez.
1980 - IRÃ - Na inauguração do estado islâmico formado pelo Aiatolá Khomeini, estudantes que haviam participado da Revolução Islâmica do Irã ocuparam a embaixada americana em Teerã e fizeram 60 reféns. O governo americano preparou uma operação militar surpresa para executar o resgate, frustrada por tempestades de areia e falhas em equipamentos. Em meio à frustrada operação, oito militares americanos morreram no choque entre um helicóptero e um avião. Os reféns só seriam libertados um ano depois do seqüestro, o que enfraqueceu o então presidente Jimmy Carter e elegeu Ronald Reagan, que conseguiu aprovar o maior orçamento militar em época de paz até então.*
1982 - 1984 - LÍBANO - Os Estados Unidos invadiram o Líbano e se envolveram nos conflitos do Líbano logo após a invasão do país por Israel - e acabaram envolvidos na guerra civil que dividiu o país. Em 1980, os americanos supervisionaram a retirada da Organização pela Libertação da Palestina de Beirute. Na segunda intervenção, 1.800 soldados integraram uma força conjunta de vários países, que deveriam restaurar a ordem após o massacre de refugiados palestinos por libaneses aliados a Israel. O custo para os americanos foi a morte 241 fuzileiros navais, quando os libaneses explodiram um carro bomba perto de um quartel das forças americanas.
1983 - 1984 - ILHA DE GRANADA - Após um bloqueio econômico de quatro anos a CIA coordena esforços que resultam no assassinato do 1º Ministro Maurice Bishop. Seguindo a política de intervenção externa de Ronald Reagan, os Estados Unidos invadiram a ilha caribenha de Granada alegando prestar proteção a 600 estudantes americanos que estavam no país, as tropas eliminaram a influência de Cuba e da União Soviética sobre a política da ilha.
1983 - 1989 - HONDURAS - Tropas americanas enviadas para construir bases em regiões próximas à fronteira, invadem o Honduras
1986 - BOLÍVIA - Exército americano invade o território boliviano na justificativa de auxiliar tropas bolivianas em incursões nas áreas de cocaína.
1989 - ILHAS VIRGENS - Tropas americanas desembarcam e invadem as ilhas durante revolta do povo do país contra o governo pró-americano.
1989 - PANAMÁ - Batizada de Operação Causa Justa, a intervenção americana no Panamá foi provavelmente a maior batida policial de todos os tempos: 27 mil soldados ocuparam a ilha para prender o presidente panamenho, Manuel Noriega, antigo ditador aliado do governo americano. Os Estados Unidos justificaram a operação como sendo fundamental para proteger o Canal do Panamá, defender 35 mil americanos que viviam no país, promover a democracia e interromper o tráfico de drogas, que teria em Noriega seu líder na América Central. O ex-presidente cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos.
1990 - LIBÉRIA - Tropas americanas invadem a Libéria justificando a evacuação de estrangeiros durante guerra civil.
1990 - 1991 - IRAQUE - Após a invasão do Iraque ao Kuwait, em 2 de agosto de 1990, os Estados Unidos com o apoio de seus aliados da Otan, decidem impor um embargo econômico ao país, seguido de uma coalizão anti-Iraque (reunindo além dos países europeus membros da Otan, o Egito e outros países árabes) que ganhou o título de "Operação Tempestade no Deserto". As hostilidades começaram em 16 de janeiro de 1991, um dia depois do fim do prazo dado ao Iraque para retirar tropas do Kuwait. Para expulsar as forças iraquianas do Kuwait, o então presidente George Bush destacou mais de 500 mil soldados americanos para a Guerra do Golfo.
1992 - 1994 - SOMÁLIA - Tropas americanas, num total de 25 mil soldados, invadem a Somália como parte de uma missão da ONU para distribuir mantimentos para a população esfomeada. Em dezembro, forças militares norte-americanas (comando Delta e Rangers) chegam a Somália para intervir numa guerra entre as facções do então presidente Ali Mahdi Muhammad e tropas do general rebelde Farah Aidib. Sofrem uma fragorosa derrota militar nas ruas da capital do país.
1993 - IRAQUE -No início do governo Clinton, é lançado um ataque contra instalações militares iraquianas, em retaliação a um suposto atentado, não concretizado, contra o ex-presidente Bush, em visita ao Kuwait.
1994 - 1999 - HAITI - Enviadas pelo presidente Bill Clinton, tropas americanas ocuparam o Haiti na justificativa de devolver o poder ao presidente eleito Jean-Betrand Aristide, derrubado por um golpe, mas o
que a operação visava era evitar que o conflito interno provocasse uma onda de refugiados haitianos nos Estados Unidos.
1996 - 1997 - ZAIRE (EX REPÚBLICA DO CONGO) - Fuzileiros Navais americanos são enviados para invadir a área dos campos de refugiados Hutus onde a revolução congolesa iniciou.
1997 - LIBÉRIA - Tropas dos Estados Unidos invadem a Libéria justificando a necessidade de evacuar estrangeiros durante guerra civil sob fogo dos rebeldes.
1997 - ALBÂNIA - Tropas americanas invadem a Albânia para evacuarem estrangeiros.
2000 - COLÔMBIA - Marines e "assessores especiais" dos EUA iniciam o Plano Colômbia, que inclui o bombardeamento da floresta com um fungo transgênico fusarium axyporum (o "gás verde").
2001 - AFEGANISTÃO - Os EUA bombardeiam várias cidades afegãs, em resposta ao ataque terrorista ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Invadem depois o Afeganistão onde estão até hoje.
2003 - IRAQUE - Sob a alegação de Saddam Hussein esconder armas de destruição e financiar terroristas, os EUA iniciam intensos ataques ao Iraque. É batizada pelos EUA de "Operação Liberdade do Iraque" e por Saddam de "A Última Batalha", a guerra começa com o apoio apenas da Grã-Bretanha, sem o endosso da ONU e sob protestos de manifestantes e de governos no mundo inteiro. As forças invasoras americanas até hoje estão no território iraquiano, onde a violência aumentou mais do que nunca.

Na América Latina, África e Ásia, os Estados Unidos invadiam países ou para depor governos democraticamente eleitos pelo povo, ou para dar apoio a ditaduras criadas e montadas pelos Estados Unidos, tudo em nome da "democracia" (deles).

Fonte: Mídia Independente.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Mobilização pela democratização dos meios de comunicação chega ao Congresso

Deputados articulam criação de frente pela democratização da comunicação com participação popular

 Brasília – Alegando a necessidade de discutir e aperfeiçoar a atual legislação no campo da comunicação, deputados planejam criar uma nova frente parlamentar que tenha também a participação de representantes de entidades da sociedade civil que defendem a liberdade de expressão e o direito à comunicação.

Segundo o deputado Emiliano José (PT-BA), um dos articuladores da iniciativa proposta pela deputada Luiza Erundina (PSB-SP), a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular será suprapartidária e não está descartada a participação de senadores em uma eventual comissão mista.

A proposta é que o lançamento oficial ocorra na primeira quinzena de abril. Para que a frente seja devidamente registrada e possa funcionar com apoio institucional, é necessária a adesão de pelo menos 171 deputados. Obtidas as assinaturas, o grupo se encarregará de “promover, acompanhar e defender iniciativas que ampliem o exercício do direito humano à liberdade de expressão e do direito à comunicação”, conforme prevê o manifesto em favor da criação da frente.

Na prática, os deputados já envolvidos com a iniciativa prometem defender a maior participação popular quanto à regulação das comunicações; defender a transparência, regras claras e procedimentos democráticos nas outorgas e na renovação de concessões de rádio e TV; e cobrar o fiel cumprimento ao que determina a Constituição Federal, principalmente no que diz respeito à proibição de monopólios e oligopólios no setor.

Entre os objetivos da frente também estarão o fortalecimento do sistema público de comunicação e a luta contra qualquer forma de censura.

“Fazemos questão de tornar claro que nossa disposição é ampliar as liberdades e, não, a censura, preservando um direito que é essencial, que é o direito à comunicação”, declarou o deputado Emiliano José, à Agência Brasil. “Estamos muito atrasados do ponto de vista legislativo. O Código Brasileiro de Telecomunicações é de 1962, quando a televisão ainda engatinhava no país e, hoje, o mundo é outro. Além disso, queremos tratar dos artigos constitucionais ainda não regulamentados, como os que garantem a pluralidade da informação, a produção regional e [garantir] que nenhum ser humano será desrespeitado”.

Ontem (1º), deputados de partidos de esquerda (PT, P-SOL e PSB) e representantes de diversas organizações civis como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) discutiram os detalhes necessários para a instalação da frente e os encaminhamentos para registrá-la formalmente.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Luis Nassif: O Brasil está preparado para não crescer?

Por Luis Nassif, em Brasilianas.org

Há um conjunto de interrogações no ar em relação à economia brasileira.

De um lado, pressões inflacionárias decorrentes da alta global de preços de commodities. É um jogo complexo, com um componente especulativo evidente, em função da elevação da liquidez (excesso de moeda empoçado) no mundo.

O problema é a maneira como a política econômica reage a esses movimentos. Falta uma visão estratégica ao país, como a que tem, por exemplo, a China.

***

Surgem sinais de inflação no horizonte e a decisão automática do Banco Central é de aumentar a taxa Selic. A função básica da elevação dos juros é a de conter a demanda interna.

Em economias estabilizadas, com estruturas eficientes de taxas de juros, meros movimentos de 0,25 na taxa básica se propagam por toda a estrutura de financiamento, afetando a demanda.

No caso brasileiro, movimentos de até um ou dois pontos tem impacto mínimo sobre os juros para o tomador final, tal a diferença de taxas.

***

Não apenas isso. Quando se analisam as causas da inflação brasileira recente, em poucos momentos a pressão veio de fatores de demanda. As cotações de commodities são definidas internacionalmente. Logo a Selic em nada interferirá no nível das cotações.

Os efeitos sobre a inflação se dão da maneira mais torta possível. Juros mais elevados atraem mais dólares provocando uma desvalorização do dólar e respectiva apreciação do real. Com isso, reduz o preço de produtos importados e de produtos exportáveis. Só que explode as contas externas e faz com que todo aumento de consumo seja apropriado gradativamente por importados.

***

Haveria uma maneira simples de impedir a apreciação: um depósito compulsório maiúsculo (40%, digamos) sobre entrada de dólares especulativos, da mesma maneira que o existente sobre depósitos em reais.

Mas aí entra a ideologia mercadista, capaz de atropelar medidas óbvias a fim de perpetuar os ganhos rentistas do mercado.

A pergunta que resta é a seguinte: depois de provar, ainda que por pouco tempo, o gosto doce do crescimento, a opinião pública se conformará em voltar ao batidão de outrora?


Pescado do blog do Luiz Carlos Azenha

sábado, 5 de fevereiro de 2011

EUA tentará redesenhar mapa geopolítico do Oriente Médio


É incrível como o levante do povo árabe contra as ditadura títeres do governo americano abalou e desnudou a política externa estadunidense para o Oriente Médio. Outrora apresentados como causa de embargos econômicos, sanções e invasões militares, os ditadores (ainda chamados de "presidentes" pela mídia afiliada), a violação dos direitos humanos, a violência estatal e as deploráveis condições de vida do povo agora são apresentadas ao público como "um mal menor".

A prioridade no momento é garantir uma transição ordenada, que assegure os interesses estadunidenses na região e garanta à Israel a liberdade para continuar a usurpação dos territórios palestinos da forma que bem entender. O desafio, portanto, é conseguir redesenhar o mapa geopolítico da região, evitando que seus povos assumam seu próprio destino.

Caso os estrategistas estadunidenses não consigam "domesticar" esse movimento, Israel corre o sério risco de ser obrigada a revisar sua política e ofertar condições verdadeiras para o estabelecimento da paz no Oriente Médio. A história definitivamente não acabou como gostariam alguns burocratas da potência dominante.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Transporte Público: Porto Alegre gerou o "Tri caro"



Essa pergunta é fácil de responder. Enquanto o transporte público for tratado com uma visão microeconomica, baseado no pensamento simplista de custos x receita, o transporte público ficará cada vez mais tri caro e ineficiente.

Na lógica do mercado, com o transporte tratado como uma atividade empresarial qualquer, a tarifa necessita ser cada vez mais cara para assegurar o lucro. Quanto mais cara a tarifa, maior o incentivo ao transporte individual, menor a receita do sistema e, consequentemente, maior a tarifa necessária para cobrir os custos, retroalimentando o círculo vicioso.

É essa visão que contribui para agravamento do caos urbano das nossas metrópoles.  Caos que somente será superado com planejamento urbano e mecanismos que assegurem a primazia do interesse público sobre o individual. Um bom exemplo seria a criação de um sistema de subsídio com a taxação, por exemplo, dos veículos de alto consumo de combustível, gerando receita para o sistema.

Enfim, já é passada a hora do transporte público ser tratado como uma política pública que articule outros aspectos e interesses sociais, tais como a ocupação do espaço urbano, o meio ambiente e a política habitacional. Mas, se dependermos da atual administração municipal de Porto Alegre, o caos urbano tem futuro garantido e próspero.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

De onde menos se espera...


Ainda é muito cedo para qualquer análise ou caracterização mais completa do governo Tarso, que mal completou 30 dias. Porém, gostaria de arriscar alguns apontamentos baseados nos primeiros movimentos, nas manifestações públicas e no passado recente.

Ao contrário do estilo discreto do governo Dilma, o novo governo estadual mostra-se ávido pela produção de manchetes e sujeito a pauta determinada pelo oligopólio midiático regional. Muitas, diga-se de passagem, de concretização duvidosa ou em tempo indeteminado - vide o anúncio do empréstimo solicitado ao BNDES e o velho e batido projeto de atração de novas montadoras.

Particularmente, suspeito da ausência de um projeto político claro e definido pelo governo estadual. Vou explicar o porquê.

Herdeiro do enorme patrimônio político construido pelas administrações da Frente Popular no Estado nas últimas décadas e eleito no primeiro turno das eleições sem necessidade de qualquer concessão na política de alianças, Tarso possui condições incomparavelmente mais favoráveis para avançar programaticamente do que Lula e Dilma. Todavia, durante bom tempo o nosso governador tem priorizado a chamada "Concertación". Em bom português, a boa e velha política de conciliação.

 Logo após a posse, a conciliação converge para o chamado Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Com seus membros escolhidos pelo governador, o Conselho parece ter como principal tarefa satisfazer a agenda de setores conservadores e legitimar reformas impopulares, blindando o governo de maiores desgastes.

Essa estrutura, muito assemelhada aos conselhos criados pelos velhos monarcas, é totalmente antagônica ao mecanismo de democracia direta, voluntária e universal criado no governo Olívio, o Orçamento Participativo-OP. Enquanto no OP o governo propunha discutir e buscar soluções para os problemas do Estado com toda a cidadania, delegando poder ao povo para discutir sobre investimentos e políticas públicas, o Conselho busca em notáveis, principalmente no círculo de relações do próprio governador, construir saídas pactuadas para questões previamente determinadas.

Um retrocesso incontestável em termos de originalidade e uma grande decepção para todos que acreditam na radicalização da democracia e na participação popular como instrumento de controle e aperfeiçoamento do Estado.

Espero que mais uma vez não impere a máxima do velho Barão: "de onde menos se espera é que não vem nada mesmo".

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Honduras e mais uma farsa midiática

A matéria publicada pela RadioagênciaNP abaixo mostra mais um exemplo de como a mídia corporativa produz suas farsas e defende seus interesses utilizando falsos de princípios como argumento.

Mídia protege os golpistas de Honduras

 Recentemente, sem que a mídia nativa fizesse qualquer alarde, o parlamento de Honduras aprovou mudanças na Constituição que permitem a realização de referendo sobre a reeleição presidencial. A alteração foi exatamente o motivo alegado pelos golpistas para derrubar o presidente Manuel Zelaya, em junho de 2009. Sob o pretexto de que ele pretendia se perpetuar no poder, empresários e generais, com apoio direto dos Estados Unidos (EUA), patrocinaram o golpe.

Agora, os próprios golpistas promovem a “reforma constitucional”. O projeto recebeu 103 votos a favor e 25 contra, num parlamento totalmente tutelado. “Antes era pecado falar que o povo deveria decidir e hoje chegamos ao entendimento de que o povo é superior a nós, os deputados”, argumentou, na maior caradura, Juan Hernándes, o presidente do mesmo Congresso Nacional que há um ano e meio chancelou a violenta derrubada de Zelaya.

Dez jornalistas assassinados

Na época do golpe, a mídia colonizada deu respaldo ao ato arbitrário. “Calunistas” brasileiros, como Alexandre Garcia, da TV Globo, difundiram que não houve golpe, mas sim a defesa da Constituição contra as iniciativas “autoritárias” de Zelaya. Nem os EUA embarcaram nesta conversa, conforme provam memorandos da embaixada vazados pelo Wikileaks. Agora, a mesma imprensa faz total silêncio sobre o “golpe” dos golpistas.” Honduras não é mais manchete na mídia.

Enquanto isso, o presidente Porfírio Lobo, eleito num pleito que não é reconhecido pela maioria das nações, incluindo o Brasil, comete as maiores atrocidades. Em dezembro passado, mais um jornalista foi barbaramente assassinado. Henry Souza trabalhava na Cablevisión Del Atlantico e levou vários tiros ao sair de sua casa. Ele dava voz em seus programas de TV às comunidades camponesas da região e era detestado pelos latifundiários.

Onda de violência não é notícia

Segundo o jornal La Tribuna, Souza foi o décimo jornalista morto no ano passado. Além de censurar e perseguir jornalistas, o governo de Porfírio Lobo é cúmplice da ação de grupos paramilitares. Segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos, somente nos primeiros seis meses de 2010 houve uma média de 16 mortes violentas por dia..

No início de janeiro, um grupo paramilitar investiu contra um ônibus e matou oito pessoas em Olancho, uma comunidade rural. Quatro mulheres e quatro crianças, incluindo um bebê de 18 meses, foram assassinadas. Segundo a Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), a chacina “teve semelhança com os diversos atentados contra opositores do regime ditatorial, desde o golpe militar de 28 de junho de 2009”. Para a mídia brasileira, que apoiou o golpe, esta onda de violência não é notícia!

Por Altamiro Borges - jornalista e presidente do Centro de Mídia Alternativa Barão de Itararé.

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