quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Luis Nassif: O Brasil está preparado para não crescer?

Por Luis Nassif, em Brasilianas.org

Há um conjunto de interrogações no ar em relação à economia brasileira.

De um lado, pressões inflacionárias decorrentes da alta global de preços de commodities. É um jogo complexo, com um componente especulativo evidente, em função da elevação da liquidez (excesso de moeda empoçado) no mundo.

O problema é a maneira como a política econômica reage a esses movimentos. Falta uma visão estratégica ao país, como a que tem, por exemplo, a China.

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Surgem sinais de inflação no horizonte e a decisão automática do Banco Central é de aumentar a taxa Selic. A função básica da elevação dos juros é a de conter a demanda interna.

Em economias estabilizadas, com estruturas eficientes de taxas de juros, meros movimentos de 0,25 na taxa básica se propagam por toda a estrutura de financiamento, afetando a demanda.

No caso brasileiro, movimentos de até um ou dois pontos tem impacto mínimo sobre os juros para o tomador final, tal a diferença de taxas.

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Não apenas isso. Quando se analisam as causas da inflação brasileira recente, em poucos momentos a pressão veio de fatores de demanda. As cotações de commodities são definidas internacionalmente. Logo a Selic em nada interferirá no nível das cotações.

Os efeitos sobre a inflação se dão da maneira mais torta possível. Juros mais elevados atraem mais dólares provocando uma desvalorização do dólar e respectiva apreciação do real. Com isso, reduz o preço de produtos importados e de produtos exportáveis. Só que explode as contas externas e faz com que todo aumento de consumo seja apropriado gradativamente por importados.

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Haveria uma maneira simples de impedir a apreciação: um depósito compulsório maiúsculo (40%, digamos) sobre entrada de dólares especulativos, da mesma maneira que o existente sobre depósitos em reais.

Mas aí entra a ideologia mercadista, capaz de atropelar medidas óbvias a fim de perpetuar os ganhos rentistas do mercado.

A pergunta que resta é a seguinte: depois de provar, ainda que por pouco tempo, o gosto doce do crescimento, a opinião pública se conformará em voltar ao batidão de outrora?


Pescado do blog do Luiz Carlos Azenha

sábado, 5 de fevereiro de 2011

EUA tentará redesenhar mapa geopolítico do Oriente Médio


É incrível como o levante do povo árabe contra as ditadura títeres do governo americano abalou e desnudou a política externa estadunidense para o Oriente Médio. Outrora apresentados como causa de embargos econômicos, sanções e invasões militares, os ditadores (ainda chamados de "presidentes" pela mídia afiliada), a violação dos direitos humanos, a violência estatal e as deploráveis condições de vida do povo agora são apresentadas ao público como "um mal menor".

A prioridade no momento é garantir uma transição ordenada, que assegure os interesses estadunidenses na região e garanta à Israel a liberdade para continuar a usurpação dos territórios palestinos da forma que bem entender. O desafio, portanto, é conseguir redesenhar o mapa geopolítico da região, evitando que seus povos assumam seu próprio destino.

Caso os estrategistas estadunidenses não consigam "domesticar" esse movimento, Israel corre o sério risco de ser obrigada a revisar sua política e ofertar condições verdadeiras para o estabelecimento da paz no Oriente Médio. A história definitivamente não acabou como gostariam alguns burocratas da potência dominante.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Transporte Público: Porto Alegre gerou o "Tri caro"



Essa pergunta é fácil de responder. Enquanto o transporte público for tratado com uma visão microeconomica, baseado no pensamento simplista de custos x receita, o transporte público ficará cada vez mais tri caro e ineficiente.

Na lógica do mercado, com o transporte tratado como uma atividade empresarial qualquer, a tarifa necessita ser cada vez mais cara para assegurar o lucro. Quanto mais cara a tarifa, maior o incentivo ao transporte individual, menor a receita do sistema e, consequentemente, maior a tarifa necessária para cobrir os custos, retroalimentando o círculo vicioso.

É essa visão que contribui para agravamento do caos urbano das nossas metrópoles.  Caos que somente será superado com planejamento urbano e mecanismos que assegurem a primazia do interesse público sobre o individual. Um bom exemplo seria a criação de um sistema de subsídio com a taxação, por exemplo, dos veículos de alto consumo de combustível, gerando receita para o sistema.

Enfim, já é passada a hora do transporte público ser tratado como uma política pública que articule outros aspectos e interesses sociais, tais como a ocupação do espaço urbano, o meio ambiente e a política habitacional. Mas, se dependermos da atual administração municipal de Porto Alegre, o caos urbano tem futuro garantido e próspero.

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