Durante alguns anos, escrevi sobre o relatório mensal do emprego não agrícola nos Estados Unidos. Os dados não endossavam os elogios tecidos pelos economistas à "Nova Economia". A "Nova Economia" era constituída, supostamente, por serviços financeiros, inovação e serviços de alta tecnologia.
Esta economia tomava o lugar da velha economia braçal da indústria e da manufatura. A educação reciclaria a força de trabalho e passaríamos para um nível mais alto de prosperidade.
Por vezes seguidas, informei que não havia sinal dos empregos da "Nova Economia", mas os empregos da velha economia estavam desaparecendo. Os únicos novos empregos eram em serviços domésticos de baixa remuneração, como os de garçonete e garçom, vendedor de loja, assistência social e de saúde (principalmente serviços de ambulatório) e, antes do estouro da bolha, construção.
Os dados, divulgados mensalmente pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA, não tiveram impacto sobre a propaganda da "Nova Economia". Os economistas continuaram a insistir com eloquência na ideia de que o globalismo era uma bênção para nosso futuro.
Os milhões de desempregados de hoje são creditados à explosão da bolha imobiliária e à crise financeira dos derivativos subprime. No entanto, a economia dos EUA vem perdendo empregos há uma década. À medida que a manufatura, a tecnologia da informação, a engenharia de software, a pesquisa, o desenvolvimento e os serviços profissionais comerciáveis foram transferidos para o exterior, a classe média norte-americana encolheu. As escadas de mobilidade ascendente que transformaram a sociedade norte-americana em uma "sociedade da oportunidade" foram demolidas.
A economia na folha de pagamento obtida com a entrega dos empregos dos norte-americanos aos chineses e indianos enriqueceu os CEOs corporativos, os acionistas e Wall Street, à custa da classe média e da economia de consumo da América.
A perda de renda e trabalho da classe média foi escondida durante anos pela expansão da dívida dos consumidores, em substituição à falta de crescimento da renda. Os norte-americanos refinanciaram suas casas, gastaram suas reservas e atingiram o limite de seus cartões de crédito.
A expansão da dívida do consumidor já teve sua vez, e não há como continuar a impulsionar a economia desta maneira.
Economistas e dirigentes continuam a ignorar o fato de que todo emprego em serviços e bens comerciáveis pode ser transferido para o exterior (ou preenchido por estrangeiros trazidos com vistos H-1b e L-1). Os únicos empregos de reposição são em serviços domésticos não comerciáveis, ou seja, aqueles trabalhos que requerem a "mão na massa", como serviços de saúde ambulatoriais, barbearia, serviços de limpeza, garçonetes e garçons - empregos que descrevem a força de trabalho de um país de terceiro mundo. Muitos desses empregos inclusive já foram preenchidos por estrangeiros trazidos com vistos tipo R-1 da Rússia, Ucrânia, Tailândia, Romênia e outros lugares.
A perda de empregos dos norte-americanos e a redução da renda do consumidor por causa dos baixos salários excluiu a demanda de consumo como o motor da economia. É por isso que as políticas fiscais e monetárias de expansão não estão surtindo efeito.
O último relatório de emprego mostra que a transformação da América em uma economia de terceiro mundo continua. A economia perdeu 95.000 postos de trabalho em setembro, graças principalmente a cortes na educação local e no emprego federal. Parte da perda de 159.000 empregos públicos foi compensada por 64.000 novos empregos no setor privado.
Onde estão os novos empregos? Em serviços domésticos não comerciáveis de baixa remuneração: 32.000 em serviços de saúde e sociais e 33.900 em serviços de alimentação e bares.
Aqui está. Esta é a "Nova Economia" da América.
*Paul Craig Roberts é economista e ex-secretário assistente do Tesouro na administração de Ronald de Reagan. Artigo originalmente publicado no Global Research.
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