quarta-feira, 19 de maio de 2010

FRUTOS DA TERRA

Por Adão Paiani*

 Quem não visitou a Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária não sabe o que perdeu. Pelo Cais do Porto da Capital gaúcha passou o vigor da agricultura familiar e do pequeno produtor, materializando o anunciado no Censo Agropecuário.

A pequena propriedade rural evoluiu, gerando emprego, renda e assumindo papel de ferramenta para o desenvolvimento do Brasil, o que é animador; num país de avanços e retrocessos no processo de democratizar o acesso à terra, tendo deixado passar o trem da história ao não fazer reforma agrária há pelo menos 150 anos.

Os resultados também mostram não haver razão na lógica excludente que contrapõe a pequena propriedade ao agronegócio de perfil exportador, pois ambos têm seu lugar debaixo do sol; imprescindíveis para a melhoria da qualidade de vida na cidade e no campo. Num país continental, de clima e solo excepcionais, o desafio é produzir mais, de forma ecologicamente responsável, economicamente viável e agregando valor.

Assim, uma reforma agrária pacífica e organizada, focada na produção, fixando famílias de modo sustentável; é mais que necessária; acompanhada por políticas de incentivo e planejamento que respeitem o perfil e a cultura de indivíduos e regiões produtoras, com espaço para experiências individuais, familiares, associativas ou coletivas.

Quem tem perfil e experiência para o trabalho rural precisa se adaptar à nova realidade de manejo, que exige cada vez mais conhecimento e capacitação técnica. Aqueles cuja migração afastou do campo, e com disposição de fazer o caminho de volta, precisam do apoio necessário para a readaptação. Ninguém nasce produtor rural, mas pode se tornar um ou voltar a ser.

É caminho com muito chão pela frente, democratizando e pacificando o campo, produzindo e transformando o fruto do trabalho e a vida de milhões de pessoas, mas que resulta em momentos como a festa de cheiros, cores, sabores, sotaques, poesia, música e alegria que Porto Alegre presenciou em quatro dias inesquecíveis de Feira. E que ainda conseguiu propiciar a mágica reaproximação dos porto-alegrenses com o seu rio, como mais um fruto doce da terra.

*Advogado

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