sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Setor rentista se antecipa ao resultado eleitoral


Uma importante disputa diretamente relacionada aos rumos do próximo governo vem sendo discretamente noticiada nos últimos dias. O centro das polêmicas: a direção do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.

Por seu desempenho na direção do principal instrumento de política industrial do Brasil, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, economista não alinhado ao pensamento ortodoxo/rentista, passou a ser considerado forte candidato ao comando do Ministério da Fazenda de um futuro governo Dilma.

Ainda falta muito para as eleições, seu resultado certamente ainda é imprevisível. Mas, diante da  menor possibilidade real de mudança na política econômica, a reação da banca foi imediata e virulenta. Segundo matéria do Jornal Correio Brasiliense (leia a íntegra aqui), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vem atribuindo ao BNDES boa parte da culpa do aumento da taxa básica de juros (Selic) promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Meirelles alega que, por oferecer crédito subsidiado pelo Tesouro Nacional ao setor produtivo, o banco de desenvolvimento mina os efeitos do arrocho monetário, dificultando o controle da inflação. 

Meirelles expressa uma visão econômica que despreza uma política industrial ativa e prioriza política monetária ortodoxa em detrimento dos investimentos em infraestrutura, telecomunicações e energia indispensáveis ao desenvolvimento. Nesta última semana, a ofensiva contou com apoio de matérias  de diversos veículos da mídia corporativa questionando, é claro, o papel do BNDES. Inclusive uma da revista britânica do The Economist.

Segundo a The Economist em artigo publicado na edição desta semana, o BNDES está crescendo rápido demais e precisa de mais transparência e competição. Ao questionar o papel recente do banco, a revista afirma que a interferência do Estado na economia estaria gerando polêmica. Pelo visto, o bom desempenho da economia brasileira não agrada a The Economist, visto que considera suas causas polêmicas.

Enfim, o setor financeiro rentista parece ter se antecipado ao resultado eleitoral e iniciado uma ofensiva que poderá determinar os rumos do próximo governo.

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