terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A insustentabilidade ambiental do sistema econômico cada dia mais visível


O Programa para o Meio Ambiente (PNUMA) das Organizações das Nações Unidas apresentou um relatório sobre o crescimento do lixo de origem eletrônica. O lixo eletrônico, que cresce a uma taxa de 40 milhões de toneladas ano, libera no ambiente substâncias tóxicas, extremamente poluentes e perigosas. Os custos de reciclagem ou recuperação ambiental desses resíduos podem superar em muitas vezes, em alguns casos milhares de vezes, o valor de mercado desses produtos. Exemplificando, o tratamento da contaminação gerada pelos metais pesados e outros componentes poluentes liberados no meio ambiente custará diversas vezes o valor do produto originalmente adquirido no mercado. Ou seja, o consumo de hoje deixa uma monstruosa conta para o futuro próximo. Em linguagem econômica, a atividade dessas indústrias produz externalidades negativas. Para lucrarem geram custos que serão pagos pela sociedade.

Embora muitas pessoas se achem imunes a esses problemas, a poluição ambiental desconhece barreiras e fronteiras e, na sua atual dimensão, começa a atingir a todos. Os resíduos e poluentes se espalham pelo solo e lençol freático contaminando silenciosamente os alimentos, animais e pessoas. O grau de contaminação acaba causando doenças que muitas vezes são atribuidas ao destino ou fatalidades, mas tem relação direta com a contaminação ambiental.

A insustentabilidade ambiental do sistema econômico está cada dia mais visível. Não se trata mais de um problema para o futuro, mas de um desafio para agora. Ou a humanidade transita para um sistema econômico e social ambientalmente sustentável ou dificilmente a espécie humana terá algum futuro nesse planeta. Um problema que não poderá ser resolvido com cercas, muros e armas.

4 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Um dos princípios básicos da terceira geração de direitos, os chamados direitos da solidariedade é a preocupação com as gerações futuras. E é possível sim a humanidade construir uma sociedade digna, igualitária e justa tendo também opções e liberdades econômicas e políticas num Estado regulador e fiscalizador e que tem de ser eficiente. Uma coisa não está necessariamente em contradição com a outra, porque tudo se mitiga, se racionaliza, se debate, se converge. A construção de uma sociedade solidária com respeito social, ambiental etc. deve respeitar também as primeiras e as segundas gerações do direito: os direitos da liberdade e os direitos sociais.

Alfredo disse...

Tudo bem, mas esses valores são inconciliáveis com a visão neoliberal de mundo.

José Eduardo Lutz disse...

O problema é que o poder econômico corrompe as autoridades, chantageia a sociedade e o governo (vide papeleiras), captura os órgãos reguladores e financia políticos que promovem seus interesses (vide tentativas de modificar a legislação ambiental). O atual modelo econômico é incompatível com a sustentabilidade ambiental e com a preservação da vida no planeta. Infelizmente, é simples assim.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Não existe visão neoliberal do mundo. Isso é invenção de uma esquerda boba. Ninguém de sã consciência pode ser tão anarquista ao ponto de achar que o Estado é um ente completamente desprezível ou que deve desaparecer. Estado tem sim que fiscalizar, regular e tem que ser eficiente. Todo o poder, não só o econômico, pode corromper as autoridades e chantagear a sociedade, como ocorre, por exemplo, onde o poder político é autoritariamente total: Irã e Cuba. E tem países -- imaginem só -- que querem seguir essa linha.

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