A crise na Grécia vai além da economia

Os efeitos da crise na Grécia vão muito além da economia e da discussão sobre a continuidade e profundidade da crise  global detonada pelo mercado  financeiro dos EUA. A capitulação do governo grego às imposições do FMI, muito mais ideológicas que econômicas, somente acentuarão os efeitos da crise socioeconômica do País, como demonstraram os muitos exemplos da história recente.

O mal estar provocado pela crise é tão ideológico quanto econômico.

A ortodoxia neoliberal somente será capaz de acentuar a recessão grega, repetindo o grave erro de tratar os países e suas populações como simples agentes privados com problemas de solvência bancária. Algo como acreditar que a redução do Produto Nacional possa contribuir no esforço fiscal de uma nação.

Algo que até o homem de neandertal já seria capaz de entender.

A proporção do problema iniciado na Grécia será mensurada pela sua capacidade de alcançar outros países, especialmente Itália, Portugal, Espanha e Irlanda. Logicamente, essa situação gerará inúmeros conflitos sociais e políticos e reforçará outros, com resultados ainda imprevisíveis.  Isto tudo, justamente, num cenário de profundas dúvidas sobre a saúde do sistema econômico global.

Um desafio que deverá ser enfrentado por uma elite econômica forjada pelo pensamento único do imaginário neoliberal, que chegou a acreditar no fim da história. Uma elite que, hoje, certamente anda atormentada por pesadelos com a história, pesadelos com a incapacidade de reprodução e expansão do capital. Pesadelos com "um espectro" que possa voltar a rondar não só à Europa mas todo o Planeta.