Uma análise superficial do noticiário televisivo dá ao telespectador a impressão de que apenas três candidatos disputam as eleições presidenciais, cujo primeiro turno ocorrerá no próximo dia três de outubro. No entanto, até o dia 5 de julho, prazo limite para os partidos e coligações apresentarem suas candidaturas, nove nomes foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com pesquisas de opinião, 65% do eleitorado brasileiro utiliza a televisão como única fonte de informação sobre os candidatos. Assim como ocorreu nas últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos, a internet poderia ser um diferencial aqui no Brasil. No entanto, essa ferramenta é utilizada por apenas 7% do eleitorado brasileiro.
Em entrevista à Radioagência NP, o candidato à Presidência da República pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), condena a postura assumida pelos meios de comunicação. Ele considera que existe um boicote contra as candidaturas que ameaçam a ordem vigente.
Radioagência NP: Plínio, o noticiário televisivo divulga a agenda somente dos três primeiros colocados nas pesquisas de opinião. Quais as consequências dessa postura?
Plínio de Arruda Sampaio: O prejuízo é evidente. Você não é noticiado e não fica na mente do eleitor. Ele [eleitor] não tem ideia. Ele não tem noção de que essa candidatura existe e, obviamente, ele não pode optar por ela. É uma atitude absolutamente antidemocrática.
RNP: Os jornais, rádios e revistas assumiram a mesma lógica das emissoras de televisão?
PAS: Toda a grande mídia está fazendo isso. Ela quer uma eleição marcada entre os três candidatos que não oferecem nenhum perigo ao sistema estabelecido. Não é um ou outro governo, nós contestamos essa ordem capitalista, que é uma ordem injusta e cruel.
RNP: A campanha diária, ignorada pelos grandes veículos, tem peso maior que a propaganda eleitoral gratuita?
PAS: Primeiro, nós não estamos ainda na propaganda eleitoral gratuita. Portanto, quem está sendo noticiado está ganhando uma vantagem extraordinária. É óbvio que isso vai prejudicar fortemente que não entrou.
PAS: O único caminho é o debate e o uso da internet. Com ela, a gente consegue fazer alguma divulgação. O eleitorado está sendo prejudicado porque ele não tem como se defender. Estamos usando muito a internet, mas não é todo mundo que tem acesso.
Além da incrível desigualdade entre as candidaturas que o poder econômico promove, o debate eleitoral ainda é mais limitado por essa verdadeira censura que a mídia corporativa impõem. O debate político é interditado, excluindo a opinião dos pequenos partidos que, em geral, defendem propostas, posições e projetos indispensáveis para o amadurecimento e avanço do processo democrático.
Uma situação inaceitável para quem tem a democracia como um valor fundamental, um princípio a ser incansavelmente perseguido e aperfeiçoado, e não apenas com um procedimento formal.
Resta a internet como espaço livre para conhecer e acompanhar esses verdadeiros abnegados da política nacional.
2 comentários:
Na verdade estes pequenos partidos em nada acrescentam a vida política em termos de debate ou noticiário eleitoral. Seus partidos não tem expressão e mesmo o PSOL é um PT mais a esquerda, que aproveitou um ataque da mídia nacional ao PT como desculpa para se separar. Tirando a Luciana Genro, legítimo DNA petista, são figuras de pouca expressão ou sonhadores de um socialismo róseo que nunca virá. O próprio candidato do PSOL a presidente, Plínio de Arruda Sampaio, vive nesse devaneio intelectual. Entre a comida e a ideologia, o povo sempre vai escolher a primeira. Os outros nanicos nada representam em de idéias para a formação política dos brasileiros.
Não sei de onde que o Plínio de Arruda Sampaio tirou que a sua candidatura ao PSOL ameaça a ordem vigente. A formação de seus quadros é de funcionários públicos, profissionais liberais e estudantes universitários, uma elite intelectual, mais forjada na discussão de idéias do que voltada ao pragmatismo necessário para realizar mudanças. O PSOL ficaria melhor como ala do PT, oxigenando o partido, do que como franco atirador, mais atingindo os petistas que os partidos de direita e extrema-esquerda.
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