quarta-feira, 7 de abril de 2010

RBS usa velha tática dos "especialistas" para defender projeto de seu interesse


O grupo RBS usa novamente uma velha técnica para disfarçar os seus interesses e posição ideológica. Falo da utilização dos famosos "especialistas" pela midia corporativa. A idéia básica é dar um verniz de neutralidade técnica para defender interesses e posições ideológicas inconfessáveis. Já tratamos desse assunto aqui no blog (veja aqui)

Desta vez, o grupo midiático, que também atua no setor imobiliário, faz a defesa do projeto da governadora YEDA (PSDB) que pretende permutar o terreno da FASE (antiga FEBEM). A governadora tucana pretende trocar a valosíssima área, avaliada em aproximadamente R$ 160 milhões, localizada próxima ao Beira Rio e de frente para o Guaíba,  por alguns terrenos localizados no interior do Estado, onde seriam construídas novas unidades da FASE. 

O projeto foi construído sem maior cobertura ou destaque pelo oligopólio midiático regional. Agora, diante da resistência da Assembleia Legislativa em aprovar apressadamente um projeto de elevado interesse público, os veículos do Grupo RBS correm em noticiar que a suspensão da tramitação do projeto é vista com temor pelos "especialistas". O grupo midiático se escuda numa suposta preocupação  com a situação dos menores infratores para defender o projeto que beneficiará algum empreendedor imobiliário. 

Curiosamente, a RBS não demonstra qualquer preocupação com as questões ambientais e urbanísticas, nem com a defesa do patrimônio público ou com situação dos moradores que habitam atualmente parte dessa área. Muito mesmo se questiona as razões da realização de uma permuta ao invés de leilão do imóvel, que garantiria isonomia entre os interessados e a obtenção do melhor preço. As razões e preocupações dos deputados (veja aqui) também não são do interesse do grupo midiático.

Fica o questionamento: será que o GRUPO RBS aceitaria negociar um imóvel do seu patrimônio, com esse valor, da mesma forma?

2 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Yeda faz muito bem em alienar, via licitação com a exigência de contrapartidas, patrimônio público que pode gerar melhor qualidade de vida a população do RS se administrado pela iniciativa privada. O que é vergonhoso é a ocupação ilegal que existe no outro lado da padre cacique em terreno público com prédios horrorosos. Todos os Juízes da Vara da Infância e Juventude de Porto Alegre são a favor do projeto de descentralização da Fase, sendo que diversos prédios mais modernos e confortáveis aos menores infratores serão construídos com esses recursos arrecadados. O resto é preconceito de quem acha que capital é sempre algo danoso. Não é.

Yeda licitou, com grande êxito, a venda do terreno da Corlac, também em área nobre na capital, e não foi o Grupo RBS que arrecadou, mas um concorrente que ofertou melhor preço.

julio pacheco disse...

aro Sr. Maia!!
Não faça caridade ou pose de bonzinho com o dinheiro e o sofrimento dos outros. Não sou um aventureiro e nem invasor. Moro há 50 anos na área da Fase (que não é da Fase, é minha). Meu pai, antes de falecer ano passado, morou mais de 60 anos, assim como toda a minha familia. A atual Fase (mudam as moscas, nesse caso o nome, e a m. continua a mesma), usucapiu a área quando se instalou ali, com meu pai morando no terreno já há 20 anos antes de eles chegarem. No projeto que voce defende, as milhares de pessoas que ali residem, pasmem, algumas desde a década de 30, e documentadas nem sequer são citadas. Além disse meu amigo, vivemos num estado de direito. Pelo que eu saiba, quando se fala em governo, está se falando em povo. Todo o poder emana do povo, principio da Democracia. A área é de proteção ambiental e registrada assim legalmente, portanto a venda é inconstitucional, mesmo que os nobres deputados assim não entendam. Meus pais e quase toda a minha familia, dedicaram metade de suas vidas à causa dos menores com honra e dedicação e temos certeza de que qualquer melhoria e modernização nessa relação sócio educativa é bem vinda. Mas não com esta venda casada e espúria onde se coloca o menor como lastro e motivo para vender de bandeja a última área preservada de Porto Alegre. Não vão levar, não vão vender. Yeda e outros como ela são meros passageiros, más nós os cidadãos, o povo, nós somos eternos...

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