segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O filho de FHC e a incrível dupla moral da mídia corporativa


O colunista Kennedy Alencar da Folha de São Paulo comentou, ontem, o reconhecimento que FHC, após 18 anos, deu ao filho que teve com a jornalista da Rede Globo, Mirian Dutra. Escreveu Alencar (leia a íntegra aqui):

"FHC decidiu fazer a coisa certa. As críticas de que deveria ter agido assim faz tempo ou de que escondeu do Brasil um fato de sua vida privada são totalmente descabidas e injustas. A situação não pode ser comparada à de outros políticos que tiveram casos semelhantes expostos nos últimos anos na imprensa brasileira.

Em primeiro lugar, FHC e a jornalista trataram o assunto estritamente na esfera privada. Ele, um político importante e casado, preferiu se manter em silêncio. Ela, uma jornalista de uma grande rede de TV do país, também.

Não cabe aqui entrar no mérito desse silêncio. É completamente irrelevante para presidir um país ou para atuar como jornalista ter um filho fora do casamento ou numa relação com uma pessoa comprometida.

Se ele ou ela tivessem trazido o assunto a público, a imprensa brasileira deveria tê-lo abordado publicamente. A imprensa, portanto, acertou ao respeitar FHC, Mirian e o filho, Tomas Dutra Schmidt, de 18 anos.

Outros episódios que foram exaustivamente tratados na imprensa vieram a público por decisão de um dos pais ou dos filhos. Essas pessoas, por razões as mais diversas, resolveram botar a boca no trombone. Alguns casos foram pura baixaria política, de um adversário que deu dinheiro a uma pessoa para revelar um segredo privado. Portanto, é cruel atacar FHC por ter adiado o reconhecimento do filho durante 18 anos. Difícil julgar o sacrifício e a dor pessoal e familiar envolvidos num episódio desse tipo.

Uma das qualidades da imprensa brasileira é respeitar a privacidade dos políticos. Pode ter havido um excesso aqui e outro ali, mas sempre foram pontuais. E, de alguma forma, as pessoas envolvidas assumiram publicamente uma situação até então privada.

Um político importante que pretenda manter um caso extraconjugal em segredo tem esse direito. Um político importante que queira manter sua orientação sexual em segredo tem esse direito. Tanto quanto um jornalista ou um cidadão.

Alencar não pode estar se referindo realmente à imprensa brasileira. Mídia que respeitou a privacidade de FHC, mas divulgou ampla e repetidamente a história da mãe de Lurian, filha de Lula, em plena campanha presidencial de 1989. Na época Mirian, que teve um romance com Lula, acusou o então candidato de pedir que ela realizasse um aborto.

Imprensa que não poupou Renan Calheiros por ter um filho também com uma jornalista e que sempre expôs os problemas familiares de seus desafetos políticos. Uma dupla moral, conveniente aos seus interesses inconfessáveis, mas impossível de sustentar quando a informação está disponível e circula livremente na rede mundial de computadores.

Os tempos são outros, mas a mídia corporativa insiste em utilizar velhos métodos, por mais que isso custe a sua já combalida credibilidade.

4 comentários:

Anônimo disse...

Morta a Dona Ruth, o "subcara" resolveu assumir. Não há muito mérito em fazê-lo. Só torço para o jovem Thomas (Tomás?) vote em 2010 na Dilma....

Anônimo disse...

A história da filha de Lula foi o atual "grande companheiro" Collor que usou.

No caso do Renan Calheiros foram laranjas e empreiteiros sustentando o bastardo.

Classe é classe!

Remindo disse...

Agora se sabe porque a Dona Ruth bebia tanto.

Anônimo disse...

Dona Ruth bebia? Nunca tinha ouvido isto. Novidade para mim, Remindo.

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