quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A queda de ponte do Rio Jacuí expôs o sucateamento do sistema estadual de rodovias



O Rio Grande do Sul construiu ao longo dos anos um sistema estadual de transporte, no qual o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem - DAER - autarquia estadual - foi organizado e estruturado regionalmente para fiscalizar, gerenciar e conservar a infraestrutura rodoviária gaúcha.

Nos anos 90, sob o tsunami neoliberal, o governo Britto (PMDB) começou a promover desestruturação do sistema. A partir do sucateamento do DAER e do abandono das rodovias se objetivava justificar a privatização das rodovias lucrativas. As concessões foram planejadas apenas com vistas aos interesses dos concessionários sem visar a constituição de um sistema integrado de ampliação, conservação e qualificação da malha rodoviária estadual como um todo.

O resultado dessas políticas começa a se tornar incomodamente visível. O programa de privatizações do governo Britto e seus aliados resultou na transferência de bilhões de reais da sociedade gaúcha às concessionárias sem assegurar nada além da simples e precária conservação das rodovias pedagiadas. O resto da malha rodoviária estadual está relegada ao abondono e precariedade, cobrando um elevado custo econômico e em vidas humanas em razão de acidentes desnecessários. Isso tudo, sem falar no passivo financeiro milionário que poderá ser gerado pelas ações judiciais promovidas pelas concessionárias com base em obrigações contratuais mal contraídas, para dizer o mínimo.

A viabilização desse projeto político passou necessariamente pelo desmonte e sucateamento dos órgãos estaduais de fiscalização, no caso o DAER. A autarquia encontra-se com o corpo funcional reduzido, com salários minguados e estrutura sucateada, tornando-se incapaz de fiscalizar a contento as obras ou garantir a segurança e funcionalidade do nosso sistema rodoviário. A própria governadora YEDA (PSDB), avalista  de primeira hora dessa política, reconheceu que a ponte da RSC-287, em Agudo, ruiu. YEDA viu com os próprios olhos as consequências do "estado mínimo" que sempre defendeu.

Mas, por justiça, esse enorme prejuízo causado ao povo gaúcho não pode ser atribuido exclusivamente a governadora tucana. Deve, sim, ser debitado na conta de todos os governos, partidos, aliados midiáticos e empresarias que sustentaram e viabilizaram as políticas neoliberais que predaram o Rio Grande e geraram o atual "estado das coisas".

Um comentário:

Anônimo disse...

Não confundir "Yeda vai na ponte que caiu" com "Yeda vai pra ...."

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