Não nego a importância das eleições presidenciais no Irã. Não sou nenhum especialista ou profundo conhecedor da história e política da região. Aliás, como quase todo o latino-americano. Mas tenho notado algumas curiosidades que envolvem esse episódio do ponto de vista midiático.
A primeira é que a nossa mídia oligopolista parece, nos últimos dias, obcecada pelos problemas do Irã e da Coreia do Norte. Pauta bem ao gosto da política neo-conservadora do Geoge Bush e cia, revivendo a famosa política do eixo do mal.
Outra é que ao noticiar a possível fraude nas eleição no Irã, em desfavor do candidato preferido dos EUA, cria-se um paradoxo. Como pode o País apresentado como o mais ameaçador e tirânico da região possuir eleições mais ou menos democráticas, nas quais inclusive as mulheres votam, enquanto a maioria dos países aliados dos EUA na região possuem regimes autoritários? Por que não há a mesma ênfase na defesa da democracia no Egito, Jordânia, Arábia Saudita, etc?
A mídia repercute incessantemente acontecimentos que ocorrem a milhares de quilômetros de distância, em países com pouco identidade sócio-cultural com o Brasil. Enquanto isso, dezenas de indígenas são massacrado no Peru em um conflito que diz respeito a toda a América Latina. O Peru é um país fronteiriço ao nosso. Porém a notícia é relegado a um plano secundário, para dizer o mínimo. Por quê?
Por que ao noticiar a tragédia a mídia oligopolista terá necessariamente que trazer para o debate os resultados das políticas dos EUA para o nosso continente. Preferem o silêncio e evitam a todo custo debater os verdadeiros interesses que se escondem por trás desses conflitos.
Um comentário:
Mousavi não é apenas candidato favorito dos EUA, mas de todo o mundo ocidental, por um simples motivos, ele prometeu tirar o Irã do isolamento que se encontra desde a revolução islâmica de 79. O Irã é um dos países com maior número de exilados, o que por si só, demonstra que muita coisa anda errada no país persa. As manifestaões no Irã são legítimas e, sobretudo, espontâneas. Elas não são capitaneadas por minorias participativas, como ocorre no RS. É o povo que não tem direito à liberdade que está farto de um governo reacionário repressor de mulheres e das minorias e que governa bom base no sectarismo religioso. Todo apoio às manifestações do Irã.
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