As imagens da Policia Militar do Distrito Federal reprimindo covardemente manifestação contra o ainda Governador José Roberto Arruda é o mais grave ataque à democracia e ao Estado Democrático de Direito já presenciado na Capital Federal desde a Ditadura Militar. Deveria ter o poder de indignar e envergonhar a todos nós, mais do que as ridículas cenas de maços de dinheiro sendo escondidos em calças, paletós, cuecas, meias e outros locais pouco prováveis.
Em termos de repressão, nem o General Newton Cruz (alguém se lembra dele?) teve coragem para tanta truculência. E olha que ele era do ramo. Prova de que tudo sempre pode piorar, mesmo na democracia. E por isso temos que estar atentos, e reagir.
A Polícia Militar mais bem paga do país agrediu estudantes, integrantes de movimentos sociais, sindicatos e partidos de oposição; com uma violência poucas vezes vista. Sobrou geral, até para os jornalistas que registravam a barbárie. Balas de borracha, bombas de efeito moral, spray de pimenta, cassetetes e cavalaria. Tudo muito profissional, diriam no Rio Grande.
A alegação foi a de praxe, quando não se teve competência para negociar e não se consegue justificar o motivo pelo qual se passou da conta: garantia da ordem pública e do direito de ir e vir. Ao invés de defender a sociedade que paga seus salários, o comando da segurança pública brasiliense mostrou bem que interesses está pronto a defender. Esbirros candangos de ladrões baratos.
Milhares de pessoas que diariamente têm pedido a saída de Arruda e seus comparsas estão no lugar certo; nas ruas. Mostrando que, ao menos lá, acabou a paciência com um bando articulado para assaltar os cofres públicos e utilizar a estrutura estatal para extorsão. E isso os diferencia dos gaúchos, que continuam assistindo; apaticamente, com raras exceções; aos crimes que foram e continuam sendo praticados pela quadrilha em ação no Rio Grande; de práticas similares e ainda mais gravosas ao patrimônio público do que aquelas praticadas pelos seus colegas do DF.
O que faltou na tragicomédia gaudéria foi um delator com habilidades cinematográficas; mas o roteiro; não vamos nos iludir; foi o mesmo. Perto da máfia gaúcha, Arruda e seus confrades de safadeza são batedores de carteira. Tem o tamanho que realmente aparentam ter.
O Governador do DF demonstra ser um corrupto e corruptor patológico. É o que na campanha gaúcha se chama de cachorro comedor de ovelha. O remédio, a exemplo do que faz o campeiro nesse caso; seria um só; mas como isso é uma possibilidade remota, só resta esperar uma merecida temporada na cadeia para o cidadão; além da execração pública. Que certamente não será capaz de curá-lo, mas nos conforta. Depois de receber o voto de confiança de um partido político e de seus eleitores; se achou liberado para seguir na mesma toada; que já o havia forçado à renúncia de um mandato de Senador, em outro episódio nebuloso.
O que nos resta é esperar que sujeitinhos desse tipo e seus iguais, tão comuns em Brasília quanto no Sul, sejam varridos definitivamente da cena política. E o ano que em breve vai começar será o momento propício para isso. Vamos ao menos ter a coragem de errar de um jeito diferente; porque cometer o mesmo erro ninguém agüenta mais.
No DF o serviço já começou. E no Rio Grande?
*Advogado
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