quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O Sotaque das idéias


Por Adão Paiani*

Conhecido jornal da Capital Gaúcha tenta analisar, em discreta chamada; embora de primeira página, nesta antevéspera de ano Novo; os motivos que levaram a rede de lojas Casas Bahia a sair do RS. E já dá o veredicto: Faltou sotaque. De cara, entra com medida preventiva contra qualquer um que pense em creditar a alguma trapalhada do Governo do Estado a perda de uma rede varejista, líder em todo o Brasil no segmento que atua; que em 2008 faturou mais de 13 bilhões de reais; geradora de receita, emprego e renda.

A blindagem ao Governo Yeda e às besteiras que comete, como se vê, continua a todo o vapor. A matéria, primor de diversionismo, elenca uma série de fatores que levaram a Casas Bahia a desistir de atuar no Estado; dentre elas até uma pretensa “falta de gauchismo”, fundada numa teórica preferência dos gaúchos por marcas locais; o que pode até ter um fundo de verdade, mas não invalidaria uma análise mais objetiva e séria dos reais motivos que levaram a rede a dar as costas para o sul do Mampituba.

A empresa, ao que se sabe, foi expulsa do Estado pela desastrada atuação da Secretaria da Fazenda e sua sanha tributária; em métodos de cálculo do ICMS absolutamente diferenciados ao que a empresa está habituada a trabalhar no resto do país; e fiscalizatória, com a lavratura de 45 autos de infração, totalizando R$ 52 milhões de reais, débitos que são contestados pela empresa e que, agora que esta anunciou o fechamento das lojas, a SEFAZ se dispôs a rever.

Não se concebe que a maior rede de lojas do Brasil tenha tentado atuar no Rio Grande de uma forma diferente do que faz nos demais Estados. O que seguramente ocorreu, é que se sentiu tratada como se fosse o botequim do seu Manoel (que igualmente mereceria respeito e consideração dos mastins fazendários), não encontrou interlocutores qualificados e cerrou as portas. Negócios são negócios.

Como qualquer investidor, possivelmente o Grupo espera, quem sabe, uma gestão estadual mais responsável e competente; disposta, de verdade, a atrair investidores e não expulsá-los daqui. Enquanto isso; continuamos crescendo que nem rabo de burro. E para os trabalhadores dispensados, certamente o ano novo não começa bem.

Imagino se isso tivesse ocorrido em Governo diverso do atual. Seria um prato cheio para os “anti isso e aquilo”; salafrários e burros, que legaram ao Estado uma YRC e sua turma; e que ainda não se convenceram da besteira que fizeram; tanto que não parecem dispostos a se redimir. Ou até se convenceram, mas os interesses subterrâneos falam mais alto que a vontade de redenção.

Faltou sotaque, diz o jornalismo varejista. Faltou é competência, diz quem ainda não perdeu a mania de raciocinar um pouquinho, e analisar os fatos com um mínimo de vergonha na cara; pensando mais na responsabilidade de informar e menos na repercussão das verbas publicitárias.

*Advogado

Um comentário:

Breton disse...

Esse texto é muito ruim. Direto dos alfarrábios dos DEMOS, partido que, se não me engano, agora pertence o dr. Adão Paiani...Não dá para ficar publicando tudo só pq é critica a Yeda. Tem que ter critério...Quer dizer que se a fazenda cobra o que uma megaloja deve, é errado? Tem que estimular isenções ou benefícios fiscais para esses grandes grupos? Linguagem neoliberal na décima potência! E olha que eu acho a crítica limitada apenas ao neoliberalismo numa lógica neo-desenvolvimentista extremamente pobre e limitada, principalmente nas atuais condições, onde essa critica é generalizada e não avança de forma alguma rumo a uma sociedade socialista. Agora até os neoliberais que se degladeiam tem espaço privilegiado na esquerda, não para apresentar fatos, e sim para expor sua visõa de mundo.

Esse rapaz nunca deveria ter o espaço que é dado a ele pela midia alternativa. Essas idéias já tem espaço suficente dentro da midia corporativa. Uma coisa é abrir para as possiveis denuncias que ele porventura venha apresentar, outra bem diferente é ficar publicando uma coluna semanal do rapaz, que muito provavelmente vai se candidatar a um cargo eletivo em 2010...pelo DEM.

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