sábado, 25 de abril de 2009

No Túnel do Tempo




A reportagem abaixo da Revista Istoé é de 2001 , mas os personagens que ocupam o submundo da política Brasileira continuam os mesmos.

Não há anjinhos no mundo dos grandes negócios. Os últimos lances na disputa pelo bilionário mercado da telefonia, privatizado há dois anos e meio, são capazes de fazer corar qualquer gângster. Na guerra suja pelo controle da Telemig Celular e da Tele Norte Celular, arapongas entraram em ação e gravaram conversas telefônicas do empresário Nelson Tanure, um personagem novo neste setor. Ávido por uma fatia desse mercado, Tanure aliou-se à canadense TIW, que vive às turras com o sócio Daniel Dantas, do Opportunity. Os canadenses querem a todo custo provocar uma alteração no arranjo acionário que vem tirando da empresa estrangeira poder de decisão nas duas teles. Os grampos captaram, em abril, diálogos de Tanure – que também é acionista majoritário do Jornal do Brasil –, do seu assessor Paulo Marinho e do jornalista Ricardo Boechat. O principal assunto das conversas era a estratégia montada para derrubar Dantas. Tanure vai pedir abertura de inquérito policial para identificar os autores do grampo. As primeiras suspeitas recaíram sobre os ombros de um dos assessores de Dantas, o jornalista e ex-governador do Rio Grande do Sul Antonio Britto. Nessa guerra suja, a única vítima registrada até agora foi Boechat, demitido do jornal O Globo no domingo 24.
Assessores de Dantas estão sendo investigados: anúncio de tempestade
O colunista aparece nas fitas checando com Paulo Marinho os detalhes de uma reportagem de sua autoria que acabaria sendo publicada em abril sobre a briga das teles. A fonte da notícia era o próprio assessor de Tanure. A matéria tornava pública a tentativa de Dantas de exonerar três representantes dos fundos de pensão da Telemig Celular e da Tele Norte Celular para aumentar seu poder – os fundos são sócios da TIW e do Opportunity nessas empresas. Boechat leu para Marinho a íntegra do texto, que dias depois seria usado numa ação contra a empresa de Dantas. A publicação das fitas pela revista Veja causou sua demissão. “Ele usou o jornal e a sua influência para fazer uma matéria que favorece um grupo contra o outro”, justifica o diretor de jornalismo de O Globo, Merval Pereira. O colunista se defende. “O importante é que a matéria era verdadeira. Ouvir fontes que tenham interesse numa notícia para atingir um adversário não é nenhum delito”, argumenta Boechat.
Leia a íntegra em http://www.terra.com.br/istoe/1657/brasil/1657_fogo_cruzado.htm
Recapitulando: Britto, ex-funcionário do Grupo RBS, privatiza a CRT que é comprada por Daniel Dantas, que contrata Britto como Diretor do seu Banco. Dantas encontra-se no centro da maioria das denúncias e escândalos envolvendo o setor de comunicações do País. Curiosamente a RBS nunca dedicou uma página inteira da sua edição dominical para explorar tão candente tema. Poderia até utilizar a mesma manchete recentemente usada para o MST: "Relações Perigosas".

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