quarta-feira, 22 de abril de 2009

O modelo "Irlandês"

Durante os anos 90, a Irlanda foi apresentada pela eneralidade da direita como um exemplo a seguir. A sua fórmula, baixos impostos para o capital e desregulamentação laboral, foi seguida por vários países sobretudo no Centro e Leste europeu. A crise bateu-lhes à porta. O "tigre celta" como foi apelidada por todos os defensores do ultraliberalismo, não é hoje mais do que um gatinho assustado. Depois de na década de 90 ter registado um crescimento anual médio de sete por cento, a Irlanda foi o primeiro país da União Europeia a entrar em recessão. Em 2008, o seu produto interno bruto decresceu 2,6 por cento e para este ano as previsões anunciam um tombo ainda maior, cerca de oito por cento. Em 2010 a economia deverá continuar a contrair-se e ninguém sabe ao certo quando voltarão os tempos do crescimento. Se voltarem, será preciso muitos anos para recuperar este catastrófico retrocesso económico. Necessariamente, as causas da crise radicam no modelo que originou o boom. Se nos anos 90 os investidores e multinacionais foram atraídos pela perspectiva de fabulosos lucros, hoje a saturação dos mercados leva-os a procurar outras paragens, como fez o grupo informático norte-americano Dell que já anunciou a transferência das suas actividades para a Polónia. As consequências sociais são: o desemprego já ronda os 11 por cento e continuará a agravar-se, prevendo-se que atinja 14 por cento da população ativa até ao final do ano. A diminuição da atividade econômica, a par da falência do sistema bancário, esvaziou os cofres do Estado, transformando bruscamente folgados excedentes orçamentários em pesados défices, que as atuais e próximas gerações de trabalhadores irão pagar com o seu suor. Anunciando o que aí vem, no passado dia 7, o ministro das Finanças, Brian Lenihan, fez acompanhar as suas sombrias previsões de severas medidas anti-sociais que custarão caro à esmagadora maioria dos 4,4 milhões de habitantes do País. Sem esta "ação corretiva", afirmou o governante, o défice orçamentário seria de 12,75 por cento em 2009. A "correção" permitirá baixá-lo para 10,75 por cento. A diferença será arrancada ao povo por meio de novos impostos e de cortes nas despesas sociais do Estado. Este regime de austeridade deverá acentuar-se nos próximos anos, já que as contas do Estado têm de regressar aos «saudáveis» três por cento do PIB, o mais tardar, até 2013. Notícia publicada no jornal português Avante: http://www.avante.pt/

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