Rafael Correa foi o primeiro presidente equatoriano reeleito e também o primeiro, nos últimos 30 anos, a vencer as eleições sem necessidade de um segundo turno. Os trechos da entrevista abaixo foram transcritas da revista Carta Capital, edição nº 544, que circulou em 06 de Maio de 2009, e são emblemáticas do caráter desse líder latino americano.
CC: O Senhor acredita ser possível democratizar o capitalismo? Acredita ser possível realizar essas mudanças?
RC: Dentro do sistema, não. Mudando o sistema, sim, e isso que estamos fazendo. Mas não podemos ser ingênuos. As mudanças e as revoluções dentro de uma sociedade dependem da correlação de forças. Lembrem-se de todo o trauma psicológico que as elites provocaram no país. Se alguém que não conhece o Equador lê os jornais daqui, somos o governo mais impopular, corrupto e incapaz da história, ainda que tenhamos 70% de apoio popular e cerca de 50% das intenções de voto. No domingo, o povo equatoriano claramente nos deu mais legitimidade democrática para avançar com as mudanças que pouco a pouco vão reverter o quadro a favor do poder popular.
CC: E qual a perspectiva dessa mudança?
RC: O desafio é fazer com que isso se traduza em investimentos e políticas públicas para as classes mais desfavorecidas do país, fora do capitalismo e dentro do socialismo do século XXI. A crise que estamos vivendo vem das entranhas do sistema capitalista. Não se pode encontrar soluções no seio de uma estrutura em colapso. Temos de construir algo novo e melhor. Por exemplo, uma arquitetura financeira regional, para acabar com a nosso dependência de dólares. Com os recursos de que dispõe a América Latina, poderíamos nos autofinanciar em vez de enviar nosso dinheiro aos países desenvolvidos por meio de bancos centrais autônomos. Com um sistema financeiro regional, esse capital ficaria aqui e acabaria com nossa dependência. Estamos avançando nisso. Acabamos de criar entre os países da Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA) um sistema único de compensação regional que minimizará nossa necessidade de dólares. Mas ainda falta muito. Devemos concretizar o Banco do Sul e, a médio prazo, o fundo de reservas do sul.
Um comentário:
É isso aí!
Mudanças reais ocorrem com mudança de sistema, e a mudança do sistema se faz pelas massas organizadas, o dever de um governo de esquerda é empoderá-las cada vez mais, para que sejam, cada vez mais, protagonistas de seu processo revolucionário.
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