quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Exclusivismo Comercial

Antes da vinda da família real portuguesa para o Brasil, com a fuga de D. João VI das tropas francesas de Napoleão Bonaparte, vigorava nas relações comerciais entre a colônia brasileira e a metrópole portuguesa o chamado "exclusivismo comercial". Todas as relações da colônia com o exterior se realizavam através do reino de Portugal.

O sistema do "exclusivismo comercial" foi redesenhado em razão das alianças políticas do reino português com a Inglaterra, que resultaram na abertura dos portos brasileiros por D. João VI em 1808. A partir daí, a Inglaterra passou a deter uma influência e ganhos cada vez maior com o comércio exterior brasileiro.

Após a II Guerra Mundial, os EUA ocuparam definitivamente o lugar da Inglaterra nessa relação. O tempo foi passando, a história sendo escrita, mas a lógica do "exclusivismo comercial" se manteve nas mentes de setores representativos da elite brasileira.

A gritaria da mídia corporativa e dos seus representantes políticos contra o acordo com a França para fornecimento de aviões e equipamento militar ao Brasil se explica, em grande parte, por essa ideologia do período colonial. Caso um acordo muito menos benéfico para o País tivesse sido proposto com os EUA, não haveria nenhuma oposição desses mesmos senhores, pois estaria dentro da dinâmica de relações por eles defendida.

Igualmente a política externa do governo Lula de priorizar a diversificação dos parceiros comerciais do Brasil, deixando de priorizar somente as relações com os EUA, também atraiu toda a sorte de ataques desses senhores. A diversificação das parcerias comerciais brasileiras com o exterior, reduzindo a importância dos EUA, foi fundamental para minimizar o impacto da atual crise financeira mundial. Mas a ideologia colonial ou os interesses pessoais impedem qualquer auto-crítica da oposição.

Trata-se da simples defesa de um projeto de subordinação política do país, ao estilo Colômbia-EUA, capitaneado por setores que nunca tiveram identidade ou interesses na construção de um projeto soberano de nação para o Brasil. O velho ideário de fazer fortuna na colônia e retornar para metrópole, seja ela Lisboa, Londres ou Miami.

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